Agílio esclarece dúvidas sobre operação no Maranhão



Além de garantir que autoridades do governo não tiveram ingerência na operação de busca e apreensão no escritório da empresa Lunus, da governadora do Maranhão, Roseana Sarney, e seu marido, Jorge Murad, o diretor-geral da Polícia Federal, Agílio Monteiro Filho, respondeu a perguntas de doze senadores que queriam saber detalhes sobre a ação.

O depoimento do diretor na Comissão de Fiscalização e Controle (CFC) nesta quarta-feira (20) seria secreto, mas, a pedido do senador Romero Jucá (PSDB-RR), a reunião foi aberta. Outro requerimento aprovado, do senador Moreira Mendes (PFL-RO), definiu que os depoimentos dos três diretores da Polícia Federal envolvidos na operação seriam feitos separadamente e que aqueles que não estivessem depondo permaneceriam em sala isolada, sem possibilidade de acompanhar o depoimento dos outros.

Os pontos geradores de dúvidas e as explicações foram os seguintes.

Quem sabia

Segundo Agílio, apenas os delegados da Polícia Federal do Maranhão e dois da PF de Brasília, o juiz que expediu o mandado e os procuradores do Ministério Público que solicitaram o mandado sabiam do local exato da operação.

Por que delegados de Brasília

O diretor explicou que o inquérito - sobre irregularidades na Sudam - que originou a ação na Lunus envolve mais de cinco estados da federação e que, nessas situações, existe um setor para inquéritos especiais, com sede na capital, para acompanhar esses casos. "Acompanham as operações aqueles que já conhecem o caso e, neste caso, os dois delegados de Brasília somaram-se aos delegados do Maranhão."

Dinheiro encontrado

De acordo com Agílio, os delegados responsáveis pela ação não esperavam encontrar os mais de R$ 1,3 milhão nos cofres da empresa Lunus.

Ele disse ainda que não houve irregularidade na apreensão do dinheiro, pois os policiais poderiam ser questionados por omissão se não o fizessem. Os valores, acrescentou, podem ser interpretados como prova de crime ou não, então deveriam ser apreendidos.

Vazamento para a imprensa

Agílio Monteiro disse que está sendo feita uma sindicância na PF para saber como as informações vazaram, mas assegurou que ela não aconteceu por ação de membros do órgão que dirige. As fotografias tiradas no local, explicou, foram feitas por peritos criminais e são corriqueiras como provas para ações dessa natureza.

Fax para FHC

Ele contestou a informação de que delegado da PF teria encaminhado a Fernando Henrique Cardoso fax com o laudo das apreensões feitas na Lunus no dia da operação. O diretor disse que enviou ao presidente apenas uma cópia do mandado expedito pelo juiz, para que o presidente da República provasse aos interlocutores do PFL que a operação era legal.

Filiação ao PSDB

Agílio disse que é filiado ao PSDB e que seu irmão é delegado do partido no Maranhão, mas negou que isso tenha qualquer relação com sua atuação frente à PF.

Grampo telefônico

O diretor-geral da PF negou enfaticamente que a Polícia Federal tenha efetuado grampo telefônico clandestino para monitorar as ações da Lunus, inclusive para saber que havia a soma de dinheiro encontrado. "Os delegados da PF se assustaram com o dinheiro achado", disse.





20/03/2002

Agência Senado


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