Agricultura oferece financiamento para produção de tilápias
Desde 2003, o Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista já beneficiou cerca de 200 produtores com R$ 2,5 milhões
Sem aplicar hormônio ou outra substância que agrida o meio ambiente, a Associação dos Produtores de Organismos Aquáticos de Ilha Solteira (Aproaqua IS) comemora a produção e venda de oito toneladas do peixe tilápia por semana. Em 2007, a expectativa é que cada sócio lucre 20% do que aplicou na iniciativa. No ano passado, o balanço positivo foi de 17%.
O segredo do sucesso é a adesão à linha de crédito do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap), da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento. Após três anos de intensas pesquisas com produtores para conhecer a técnica de criação do peixe tilápia, em 2001 João José Cattanio e 14 sócios abriram a Aproaqua IS e financiaram R$ 390 mil com o Feap. O crédito de R$ 26 mil por criador incluía a aquisição de tanques-redes completos, com capacidade de 108 metros cúbicos, barco, remo, salva-vidas, alevinos e ração para o primeiro povoamento.
Cattanio, presidente da associação, explica que após 18 meses de carência, com 4% de juros ao ano, cada criador começou a pagar em janeiro do ano passado parcelas semestrais, com prazo de 48 meses para quitação.
“O empréstimo foi fundamental para obtermos sucesso na produção de tilápia. Pela nossa honestidade, pagamos todas as parcelas em dia”, frisa o presidente. Nesse ano, houve adesão de outros sócios que investiram R$ 150 mil na criação da espécie.
Linhas de crédito
Cattanio conta satisfeito que um quilo de carne de tilápia é resultante de 1,5 quilo de ração. Enquanto isso, no passado, para obter um quilo de pacu eram gastos seis quilos de alimentos.
Em 2006, a associação contabilizou a venda de 230 toneladas do peixe. Este ano, a previsão é saltar para 300 toneladas. Cada quilo do produto in natura é vendido a um frigorífico da região por R$ 2,35. Ali os peixes são abatidos, cortados em filés e vendidos no mercado interno e externo.
O Feap começou a oferecer linhas de crédito para a criação de tilápia em 2003. De lá para cá, o fundo beneficiou cerca de 200 produtores com R$ 2,5 milhões. Para receber o empréstimo, o produtor precisa ser proprietário de terras com água em abundância. Uma alternativa é tornar-se arrendatário ou sócio de propriedade.
“A primeira permissão para uso da água e acesso ao corpo d’água vem da concessionária de energia. Para obter essa autorização, o interessado deve elaborar projeto básico em formulário disponível nas Casas de Agricultura dos municípios paulistas”, explica a pesquisadora científica do Instituto de Pesca da secretaria, Maria Aparecida Guimarães Ribeiro. A Casa de Agricultura encaminha os documentos exigidos ao Banco Nossa Caixa e ao Feap.
O zootecnista Fábio Rosa Sussel, que atua como pesquisador científico da Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio (Apta), do Médio Paranapanema, diz que a tilápia é uma espécie rústica de fácil reprodução, que suporta variações de temperatura entre 13º e 34º C.
Sucesso
Maria Aparecida explica que a tilapicultura é empregada com alevinos revertidos (população só de machos; cresce 2,5 vezes mais do que a fêmea num mesmo período). Pela facilidade de criação, principalmente nas regiões com temperaturas elevadas a maior parte do ano (noroeste e centro do Estado), a espécie atinge o porte comercial em sete meses. Muitas são as opções de venda: filés para exportação, mercado interno e in natura para pesque-pague.
Por tudo isso, Sussel incentiva a produção: “A atividade compensa desde que haja administração com gerenciamento adequado”. Para o sucesso da tilapicultura, o zootecnista recomenda conhecer frigoríficos, fornecedores de alevinos, fabricantes de ração, produtores experientes e institutos de pesquisa como a Apta para oferecer o suporte técnico necessário. No site da Secretaria da Agricultura há link com o endereço dos 16 pólos da Apta no Estado de São Paulo.
Sussel informa que a exportação do produto é vantajosa quando a taxa cambial estiver a R$ 2,17, o que ainda não ocorreu em 2007. De acordo com sua estimativa, os dois maiores frigoríficos paulistas de tilápia processaram 1.680 toneladas do alimento no primeiro semestre do ano. Das 504 toneladas de filé, 85% abasteceram o mercado interno.
Maria Aparecida diz que não há previsão de quantos produtores de tilápias existem no Estado de São Paulo, pois grande parte exerce a atividade na clandestinidade: “Isso impede a comercialização do produto e essas pessoas deixam de usufruir renda maior”.
Pagamento após 18 meses
O Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap) oferece linha de crédito para tilapicultura ao produtor com renda bruta anual de até R$ 400 mil. Com taxas de juros de 3% ao ano, o financiamento de R$ 40.400 por criador inclui aquisição de tanques-rede completos, com capacidade de 108 metros cúbicos, barco, remo, salva-vidas ou aeradores, alevinos e ração para o primeiro povoamento.
O prazo para pagamento é de cinco anos, incluindo a carência de 18 meses. “É um recurso à disposição do produtor, basta apresentar o projeto e para isso temos os nossos técnicos e o pessoal de apoio do Feap, que podem auxiliar o criador na sua apresentação”, afirma o secretário de Agricultura, João Sampaio. Ele também aposta nos arranjos produtivos locais, combinando criação e instalação de frigoríficos.
Na região noroeste do Estado, às margens do Rio Paraná ou ao longo do Rio Tietê, a criação de tilápia em tanques-rede junto aos frigoríficos de processamento de filés do peixe tem dado resultado. O potencial paulista de produção de peixes em cultivo intensivo é um dos maiores do País. “Cada metro cúbico de água pode produzir 120 quilos de tilápia. Temos cerca de 2,8 mil tanques instalados no Estado, com tamanho médio de seis metros cúbicos, considerados pequenos. Nem todo esse potencial está completamente explorado”, afirma a pesquisadora Maria Aparecida Guimarães Ribeiro.
Estudo do pesquisador Fabio Rossa Sussel, do Pólo Regional do Médio Paranapanema, mostra que o Brasil é o sexto maior produtor mundial de tilápia, ficando atrás da China, de Formosa (Taiwan), das Filipinas, da Tailândia e do México. Os concorrentes diretos do Brasil – produtores de filé fresco de qualidade superior – são Equador, Costa Rica e Honduras. Os Estados Unidos são nossos maiores compradores.
SERVIÇO
Outras informações procure a Casa de Agricultura local no
site http://www.cati.sp.gov.br/novacati/index.php
Viviane Gomes
Da Agência Imprensa Oficial
(I.P.)
09/11/2007
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