Agricultura: Pesquisas na área de agroenergia ganham destaque
Óleos de girassol e da mamona são ferramenta na construção de matriz energética alternativa
O público da Agrishow 2006 pôde conhecer também algumas das opções em culturas energéticas geradas pelo IAC, como o girassol IAC-Iarama e a mamona IAC 2028. Com 70 anos de pesquisas em oleaginosas, os resultados em girassol e mamona servem agora de paradigma no estabelecimento de uma agricultura que se firma como ferramenta na construção de matriz energética alternativa. A nova variedade de girassol IAC-Iarama é o material comercial mais precoce no mercado brasileiro e adequado para áreas de renovação de canavial. Destaca-se, também, por produzir, em tempo mais curto, a mesma quantidade de óleo de outras sementes. A IAC-Iarama, pesquisada desde 1990, tem semente escura, cerca de 42% de óleo, porte baixo e ciclo curto, rendimento médio de grãos de 2 mil kg/ha e boa uniformidade, que facilita a colheita mecanizada.
Na cultura da mamona, o instituto contribui com variedades de maior produtividade em óleo, ciclo precoce e facilidade de mecanização. A mamona é estudada no instituto desde 1936, sem interrupção, fato que levou à acumulação de importante acervo de conhecimento sobre a tecnologia de produção. Foi apresentada a variedade de mamona IAC 2028, de alto potencial de produtividade e indicada para produtores de grande e pequeno portes. A colheita é única e manual, mas pode ocorrer a mecanização em certas condições. A IAC 2028 tem produtividade média de 2.121 kg/ha e teor de óleo nas sementes de 48%. Com esse mesmo teor, a IAC Guarani tem produtividade média de 1,5 mil kg/ha. Essa comparação mostra o crescimento dos materiais proporcionado pelo melhoramento genético, carro-chefe das pesquisas.
Alternativas
A agroenergia reúne opções limpas e sustentáveis. Além das oleaginosas, há também importante fonte na cana-de-açúcar, geradora de etanol — o combustível alternativo por excelência. Especialmente nessa área, os trabalhos do IAC oferecem relevantes contribuições. Nos últimos oito anos, o instituto lançou 12 variedades de cana para fins industriais, algumas adaptadas para regiões específicas de São Paulo, Goiás e Minas Gerais. Essa diversidade protege a canavicultura brasileira contra doenças e pragas.
O Centro de Cana do IAC, situado em Ribeirão Preto, é referência mundial no desenvolvimento de variedades e de tecnologias de manejo. As demandas do setor são levantadas no trabalho direto com integrantes da canavicultura, por meio de parcerias com 50 empresas. Assim, à medida que o segmento de açúcar e cana apresenta suas necessidades, os pesquisadores trabalham para identificar solução existente ou gerar nova resposta capaz de sustentar a maior cultura em área do Estado.
Outra alternativa é representada pelo amendoim. De acordo com o pesquisador do IAC Ignácio Godoy, a utilização desse produto como matéria-prima para biocombustível é potencialmente muito interessante, em particular para as regiões próximas à sua produção agrícola. As maiores limitações desse novo mercado estão nos altos valores do produto para confeitaria e na insuficiência atual de matéria-prima.
A produção brasileira de amendoim está em torno de 200 mil toneladas de grãos selecionados, das quais 170 mil são comercializadas para o mercado de confeitaria (120 mil para o mercado interno e 50 mil para exportação). O restante tem três destinos: comercialização em casca, retorno ao campo como sementes e esmagamento e produção de óleo. Estima-se que, do total produzido, apenas 5% a 10 % são convertidos em óleo comestível, cujo destino é o mercado europeu, onde o produto é mais valorizado do que o de soja. Durante a Agrishow 2006, foram expostas seis variedades do fruto. A diferenciação dos materiais procura atender às alternativas de mercado que se apresentam para os produtores no Brasil.
Do Instituto Agronômico
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