Agripino diz que Chávez quer dificultar relações comerciais do Brasil e do Mercosul



O senador José Agripino (DEM-RN) disse nesta quarta-feira (4) que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, quer entrar no Mercosul para dificultar as relações comerciais do Brasil e dos demais países membros com os Estados Unidos e com a União Européia. Agripino assinalou que a condição essencial para qualquer país latino-americano participar do Mercosul é que tenha democracia plena.

Agripino lembrou do "gesto de truculência" feito por Chávez quando se referiu com palavras chulas ao Senado brasileiro, quando este pediu a reconsideração da retirada da concessão da rede de televisão RCTV pelo presidente da Venezuela. Ele observou que o Congresso Nacional já fez críticas duras a ações de outros países e nunca mereceu "resposta mal educada" desses países por algo que é considerado normal nas relações internacionais.

O senador também comentou a proibição imposta por Chávez para todos que, no referendo, votaram contra as mudanças feitas pelo presidente na Constituição venezuelana. Chávez está proibindo essas pessoas de serem funcionários públicos, prestar qualquer serviço a órgãos governamentais e participar de licitações públicas. Além disso, acrescentou o senador, o Congresso venezuelano deu a Chávez o poder de legislar por meio de decretos.

- Que democracia é essa? - questionou.

O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) disse que, apesar das declarações titubeantes do presidente Lula e dos equívocos da política externa do governo brasileiro em direção à Venezuela, gostou das declarações da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que repudiou o prazo de três meses dado por Chávez para o Congresso Nacional votar a entrada do seu país no Mercosul. Para Virgílio, é possível manter as boas relações comerciais entre Brasil e Venezuela.

- Eles lá e nós cá. Se o coronel Chávez diz que aguardará até setembro e, se não for votada a entrada da Venezuela no Mercosul, ele sai, eu vou lutar como um leão para que não seja votada - afirmou.

O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) disse que Hugo Chávez já impôs um regime autoritário na Venezuela e pretende levar esse modelo aos outros países da América Latina, retirando a liderança histórica do Brasil no continente.O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que havia telefonado para os embaixadores do Brasil na Venezuela e da Venezuela no Brasil para explicar que é "plenamente favorável" ao ingresso daquele país no Mercosul. Para Suplicy, é possível restabelecer o diálogo entre os dois países "no mais alto nível" e que os incidentes são todos superáveis.

O senador Flávio Arns (PT-PR) disse que o governo brasileiro vem agindo com muita tranqüilidade e conduz o episódio de maneira adequada. Ele assinalou que o presidente Lula tem dado declarações destacando os critérios exigidos para ser um país membro do Mercosul.O líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), reafirmou que o governo já se posicionou contra qualquer cobrança de Hugo Chávez e na defesa do Congresso brasileiro.



04/07/2007

Agência Senado


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