Agripino diz que gastos correntes da União cresceram mais que o PIB brasileiro



 Em discurso no Plenário nesta segunda-feira (26), o líder do PFL no Senado, senador José Agripino (RN), disse que os gastos correntes da União, entre 1995 e 2006, cresceram 77%, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) aumentou, no mesmo período, cerca de 30%. Os gastos correntes da União, enumerou o senador, são a folha de pessoal, benefícios previdenciários e investimentos em educação e saúde, além de despesas com cartões corporativos e com diárias e passagens de agentes públicos.

Agripino disse estar preocupado com a diferença entre o crescimento dos gastos do governo e o aumento do PIB nacional. Para ele, as melhorias nas áreas de saúde e educação, por exemplo, não justificam o aumento dos gastos correntes. Na interpretação do líder, o país está investindo e poupando menos, mas gastando mais. O alerta do líder foi inspirado por editorial do jornal O Estado de S. Paulo publicado no domingo (25), que tratou do assunto citando análises do professor da Universidade de São Paulo (USP) e ex-presidente do Banco Central (BC) Affonso Celso Pastore e do ex-diretor do BC Ilan Goldfajn.

- Será que colhemos bons resultados na educação, ou na saúde, que justifiquem esse aumento desmesurado dos gastos correntes da União? - questionou Agripino.

O editorial, explicou o senador, trata também da revisão feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) quanto ao crescimento do PIB brasileiro, revisto para 3,2% em 2006. Para Agripino, o aumento do PIB foi favorecido, dentre outros motivos, pelo crescimento do comércio internacional.

- Corremos o risco de diminuir o crescimento do PIB porque os mercados internacionais não vão ser para o resto da vida atrativos e abertos como são hoje. E os gastos correntes são uma despesa permanente. E aí? Aí é que não vai ter dinheiro para investimento. Aí é que não vai ter poupança mesmo - alertou.

O líder do PFL também avaliou que o governo federal "gasta muito e gasta mal". Na opinião de Agripino, a saída do governo para ampliar os investimentos públicos será o aumento da carga tributária. Para que isso não ocorra, alertou, o país deve promover reformas estruturantes, como a sindical e a trabalhista.

- Queremos a remessa para este Congresso daquilo que Lula prometeu, que são a reforma sindical e a reforma trabalhista, reformas estruturantes que vão disciplinar a relação entre capital e trabalho, e a urgente aprovação da reforma política e da reforma tributária, para que o Brasil possa se modernizar e ter índices de crescimento confortáveis e confiáveis - afirmou.

Em aparte, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que o que aumentou "de fato, foi a ineficiência". Na opinião de Cristovam, a qualidade da educação, da saúde e da segurança pública não melhorou tanto se comparado aos 77% de aumento nos gastos correntes. Também em aparte, o senador Mão Santa (PMDB-PI) disse que o Brasil ficou na penúltima posição em uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre eficiência de gastos, perdendo para o Haiti e ganhando apenas da Colômbia.



26/03/2007

Agência Senado


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