Ahmadinejad quer Conselho de Segurança da ONU com Brasil e sem veto



Em visita ao Congresso Nacional nesta segunda-feira (23), o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, defendeu o ingresso do Brasil no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Ele também sugeriu o fim do poder de veto dos países que integram o conselho.

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Ahmadinejad foi recebido pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e pelo presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), no Salão Negro do Congresso. Ele chegou duas horas e meia depois do previsto e a visita durou pouco mais de uma hora.

O presidente iraniano afirmou que a estrutura do Conselho de Segurança da ONU é contrária à paz mundial, porque é baseada na discriminação. Disse que quase todas as guerras no mundo nas últimas seis décadas tiveram a intervenção de um dos cinco países com direito a veto - Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França e China -, mas esses países nunca foram julgados por seus atos. Ahmadinejad disse que "países soberanos com uma visão humana", como o Brasil, devem fazer parte do Conselho de Segurança da ONU.

Disse que a questão palestina foi criada pela 2ª Guerra Mundial, com a criação do Estado de Israel sem a contrapartida da criação do Estado palestino. Lembrou que dezenas de planos já foram oferecidos como tentativa para solucionar a questão palestina, mas todos falharam porque não foram baseados na justiça entre os povos. E declarou que os palestinos não tiveram culpa pelas 60 milhões de mortes causadas pela 2ª Grande Guerra.

O presidente iraniano ressaltou que tanto o Brasil quanto o Irã têm "grandes recursos naturais e humanos" e afirmou que ambas as nações têm "grandes potencialidades ainda desconhecidas dos empresários".

Em seu pronunciamento, José Sarney disse esperar que o Brasil possa contribuir para a paz mundial, em especial no Oriente Médio.

- A melhor notícia que podíamos receber no mundo seria a do fim do conflito entre árabes e judeus - afirmou Sarney, defendendo a criação do Estado palestino.

Tanto Sarney quanto Temer destacaram a cultura pacifista brasileira e manifestaram a vontade de que a visita do presidente iraniano sirva para melhorar relações comerciais e a cooperação entre os dois países. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) entregou a Ahmadinejad um exemplar de seu livro sobre a defesa da instituição da renda básica da cidadania e o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) salientou a postura brasileira do diálogo para a obtenção da paz.

Na chegada ao Congresso, o presidente iraniano foi recebido com protestos de dois deputados, Marcelo Itagiba (PSDB-RJ) e Zenaldo Coutinho (PSDB-PA), que abriram uma faixa com a frase "Holocausto - nunca mais".

José Paulo Tupynambá / Agência Senado



23/11/2009

Agência Senado


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