ALCÂNTARA APRESENTA NA CAE PARECER CONTRÁRIO A JOGOS DE AZAR



O relator na Comissão de Assuntos do Senado (CAE) do projeto de lei de autoria da Câmara dos Deputados que legaliza a prática de jogos de azar, senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE), apresentou hoje (dia 17) parecer contrário à proposição. A discussão da matéria deve prosseguir na próxima reunião da CAE.

- Há riscos muito grandes com a legalização do jogo, como a questão da lavagem de dinheiro, o crime organizado, a prostituição e uma série de outras mazelas sociais que poderiam surgir a partir da aprovação - justificou Alcântara.

O senador disse que não havia se convencido dos possíveis benefícios que viriam com a liberação dos jogos de azar, como o crescimento do turismo e o aumento do número de empregos. "Os riscos e os malefícios seriam maiores", opinou.

O senador José Serra (PSDB-SP) defendeu a posição do relator. "Os argumentos econômicosnão se sustentam", disse. Ele afirmou que dificilmente o país receberia capital estrangeiro a partir da abertura de cassinos. "Nem os mais ardorosos defensores da legalização acham que o apostador estrangeiro deixaria Las Vegas, Monte Carlo ou Atlantic City para jogar no Brasil", comentou. Ele acrescentou que os próprios brasileiros ricos não deixariam de viajar, para arriscar a sorte nas casas de jogos nacionais.

- A liberação dos jogos de azar não traria divisas nem com a entrada de dinheiro nem evitando a saída - completou Serrra.

Citando dados e estatísticas de relatórios elaborados por instituições americanas, José Serra traçou um quadro sobre os problemas que a proliferação de cassinos trouxe para os Estados Unidos, entre eles o aumento da violência, o crescimento dos índices de tentativa de suicídio, a inadimplência e a diminuição do volume de negócios no comércio. "Minha razão para ser contrário à liberação do jogo não é só ética, mas também econômica", frisou.

Por sua vez, o senador Elcio Alvares (PFL-ES) propôs que o debate sobre a legalização de jogos de azar não se restringisse apenas a cassinos, mas se estendesse também aos sorteios promovidos pela televisão, corridas de cavalo e aos patrocinados pela Caixa Econômica Federal. "Se tomarmos uma decisão sobre este assunto, ela tem que seguir uma linha geral", sugeriu.

Já o senador Edison Lobão (PFL-MA) defendeu a aprovação do projeto. "Os cassinos, nesta fase do mundo moderno, são indispensáveis para desenvolver o turismo", considerou. Ele revelou que recebeu correspondências de hoteleiros, taxistas e empresários do ramo de turismo solicitando não apenas a aprovação, mas urgência na votação do projeto.

- Mais de 30 milhões de turistas vão a Las Vegas todos os anos para apostar - exemplificou o senador maranhense, opinando que, no mínimo, a abertura de cassinos no país impediria a saída de brasileiros para apostar no exterior. "Atualmente estamos exportando empregos e divisas", completou.

O projeto que legaliza os jogos de azar já tramitou pela Comissão de Constituição, Justiçae Cidadania (CCJ), onde recebeu parecer favorável.

17/03/1998

Agência Senado


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