ALCÂNTARA DEFENDE DEBATE DA SOCIAL DEMOCRACIA



Na abertura de seminário da série Encontros Internacionais sobre o Futuro da Social Democracia, realizado no Senado Federal nesta terça-feira (dia 30), o senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE), presidente do Instituto Teotônio Vilela, afirmou ser importante debater as doutrinas em um momento de grandes transformações econômicas, políticas e geopolíticas como o que o mundo está vivendo. O senador explicou que o seminário faz parte de um esforço do PSDB, incentivado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, de discutir a social democracia em âmbito internacional, na América Latina e no Brasil. E destacou que as grandes transformações acabam trazendo reflexos inevitáveis sobre as doutrinas, "principalmente em países em desenvolvimento". O seminário contou com expositores brasileiros e internacionais. Em sua exposição, intitulada "Desafios da Social Democracia no Brasil", o professor Hélio Jaguaribe destacou a importância do pensamento marxista, "ainda não superado", e qualificou Karl Marx de "filósofo humanista". Enumerou, em seguida, as modalidades existentes da social democracia e traçou histórico de sua evolução na Alemanha, Grã Bretanha, Estados Unidos e Brasil."O desafio da social democracia é encontrar o equilíbrio entre a otimização das condições sociais e manter satisfatória a competição econômica", disse Jaguaribe. Para o professor, o maior problema encontrado entre os países de Terceiro Mundo foi o da concessão de benefícios sociais superiores a sua capacidade financeira. "Já as sociais democracias européias se viram obrigadas a cortar benefícios, diante da competição com países que têm menos custos sociais, como os Estados Unidos e o Japão", analisou.No Brasil, Jaguaribe acredita que a proposta social democrata foi realizada por Getúlio Vargas e que o atual governo tem uma proposta "claramente social democrata, baseada no desenvolvimento econômico". Para o professor, o maior problema do Brasil é a "gigantesca ignorância do povo brasileiro". Por isso, defende a necessidade de haver boas escolas para todas as crianças: "o Brasil só será viável se houver uma reforma educacional", afirmou. Na análise de Jaguaribe, o primeiro mandato de Fernando Henrique foi absorvido pela necessidade de reconstituição da máquina pública. O expositor previu que não haverá a volta da inflação, e sim "o retorno da estabilidade em um patamar mais elevado". Defendeu um aumento da representatividade do Parlamento e afirmou que o governo Fernando Henrique precisa ser "mais explícito sobre o que pretende fazer do ponto de vista social". Também se apresentou no seminário o professor norte-americano Seymour Martin Lipset, do The Wodrow Wilson Center, com o tema "A Questão da Social Democracia nos Estados Unidos". Lipset fez uma análise do pensamento social democrata na Europa e de seu espaço na sociedade americana. O professor apontou a diminuição do poder de pressão dos sindicatos nos Estados Unidos e previu uma Europa mais parecida com a América do Norte.Já o terceiro expositor da manhã, professor Torcuato Di Tella, do Instituto Di Tella, Argentina, falou sobre "Um Projeto Social Democrata para a América Latina". Para ele, o que temos atualmente no Brasil é um partido social democrata no poder, "que se aliou a outra facção claramente de direita." O professor acredita, porém, que tanto a Argentina quanto o Brasil convergirão a médio prazo para a social democracia. No caso do Brasil, avalia, antes que isso se torne um fato, será necessário que "a base operária, que atualmente está com o PT" adote um modelo de social democracia.Durante os debates, Jaguaribe posicionou-se contra a privatização do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e da Petrobras.

30/03/1999

Agência Senado


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