ALCÂNTARA DENUNCIA ROTATIVIDADE DE MÃO-DE-OBRA NO SETOR DE SAÚDE



Com base em pesquisa realizada em nove capitais pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS), o senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE) denunciou que, para garantir lucratividade no setor de serviços médicos, a rotatividade da mão-de-obra chegou a 80% no último ano e meio. O senador ressaltou que a qualidade dos serviços prestados em saúde depende, também, dos que sustentam a base da estrutura de atendimento.
Alcântara observou que, já que os trabalhadores do setor não podem ser substituídos por qualquer profissional ou desempregado com experiência em outro setor do mercado de trabalho, são demitidos de uma empresa mas logo contratados por outra.
- A conseqüência é a não aquisição, pelo empregado, de direitos, benefícios e conquistas fixados nos acordos coletivos, pelo fato de não permanecerem no mesmo emprego por tempo que lhe garanta tais vantagens. Assim as empresas minimizam custos e aumentam lucros - assinalou o senador.
Segundo Alcântara, a pesquisa realizada pela CNTS conclui que existe emprego no setor de saúde, mas é preciso garantir sua continuidade, o que implica assegurar melhores condições de trabalho, incentivo à qualificação profissional e salários dignos. De acordo com a pesquisa, a região Sudeste concentra 52,6% do total de trabalhadores, revelando um desequilíbrio na distribuição espacial do pessoal de saúde entre as diferentes regiões. A pesquisa revelou ainda que a iniciativa privada detinha, em 1992,o controle de cerca de 70% dos hospitais e 75% dos leitos do sistema de saúde do Brasil, concentrando-se também nas regiões Sul e Sudeste e no estado da Bahia, num total de 40,82%.
Ainda de acordo com a pesquisa, no período entre o início da década de 80 e meados da de 90, o número de trabalhadores na saúde praticamente dobrou, passando de cerca de 570 mil para quase um milhão, sendo que a maioria é de mulheres, que ocupam 68,6% dos postos de trabalho. No entanto, explicou o senador, na medida que se sobe na escala de salários, os homens passam a dominar os postos.
- O setor de saúde, do qual tenho a honra de fazer parte como médico que sou, é um dos segmentos da vida desta nação mais criticados por todos. Há, todavia, que se ver as dificuldades com que lutam os que nele militam, dando de si o melhor que podem, sem, necessariamente, receber em troca o reconhecimento merecido - concluiu Lúcio Alcântara.

28/09/1999

Agência Senado


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