ALCÂNTARA DIZ QUE O BRASIL BRANCO DEVE PEDIR PERDÃO À RAÇA NEGRA



Em discurso sobre o Dia Nacional da Consciência Negra, o senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE) afirmou que "todo o Brasil branco deveria pedir perdão à raça negra pelas atrocidades que foram cometidas durante séculos contra homens, mulheres, velhos e crianças de origem africana que construíram com trabalho, com coragem, com sangue e com orgulho uma parte muito importante da cultura brasileira".Alcântara lembrou que em 1870 o Brasil era o único país americano a praticar a escravidão, que só foi abolida em 1888, por pressões de ordem econômica. À época, observou, já havia o entendimento de membros esclarecidos das elites brasileiras de que a reprodução em larga escala do capital nacional, baseada no trabalho escravo, não estava mais respondendo às exigências das novas relações sociais de produção definidas pelos centros internacionais hegemônicos.- A lógica das relações sociais e econômicas no Brasil precisava mudar logo, pois a manutenção da escravatura estava atrapalhando o desenvolvimento do nosso processo de acumulação de capital - disse o senador.O fim do trabalho escravo, ressaltou, significaria maior produção, mais produtividade e, conseqüentemente, mais lucros em favor da Inglaterra e das metrópoles colonialistas. Por este motivo, observou, a Inglaterra, maior potência do mundo no século passado, tinha como uma de suas maiores preocupações o fim da escravidão e a diplomacia inglesa não perdia a oportunidade de condená-la.Alcântara lembrou que tanto o governo imperial quanto os abolicionistas esclarecidos perceberam as mudanças no mundo e sabiam que mais cedo ou mais tarde a escravidão acabaria no Brasil. Mas foi só em 1888, "depois de três séculos de sofrimento, quando já não era mais rentável para os brancos manter escravos, que milhares de negros deixaram o cativeiro", afirmou.O senador frisou que os negros que vieram para o Brasil, e seus descendentes, "resistiram heroicamente e derramaram seu sangue em defesa da liberdade, dos direitos humanos e contra a odiosa discriminação racial que ainda prevalece em nosso meio". Ele mencionou, em especial, a luta de homens como Zumbi, Ganga-Zumba, Acaiene, Zambi e Toculo, seus filhos, Pedro Caçapava, Amaro, Acoritene, Osenga e Ganga-Muiça viraram verdadeiras lendas entre o seu povo.Citando a influência africana na língua portuguesa, nos costumes, na cozinha, na música, na religião e no folclore brasileiros, o senador observou que "ainda não atingimos o ponto ideal da integração, mas haveremos de conquistar juntos o que falta".

30/11/1998

Agência Senado


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