ALCÂNTARA DIZ QUE PAÍS EMPOBRECEU CULTURALMENTE COM MORTE DE HOUAISS
A morte do filólogo Antônio Houaiss empobreceu culturalmente o Brasil, privou os brasileiros da presença de um dos cidadãos mais respeitados do país e causou consternação no meio intelectual e lingüístico nacional. A afirmação foi feita pelo senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE), para quem Houaiss era, sem dúvida, um trabalhador intelectual dos mais ativos que o Brasil conheceu. - Homem de cultura notável, dedicava-se ao ofício das letras com paixão e tenacidade - definiu o senador.Alcântara esclareceu que, quando da morte do filólogo, em 07 de março último, havia registrado em poucas palavras a sua consternação pela perda de uma figura tão importante para a língua portuguesa e a cultura nacional. Por isso, retomava agora o tema. O senador relembrou a vida de Houaiss, desde o tempo em que era professor no Rio de Janeiro, passando pela carreira diplomática, sua atuação junto à Organização das Nações Unidas (ONU) e os problemas que enfrentou durante o regime militar - em 1964, foi compulsoriamente aposentado, cassado e teve seus direitos políticos suspensos por 10 anos. Lúcio Alcântara falou ainda sobre um dos projetos mais célebres de Houaiss, "a empreitada de recriar, em português, as invenções verbais do escritor irlandês James Joyce, em Ulysses", e sobre a dedicação do filólogo na organização de dicionários e enciclopédias. O senador relembrou a atuação política de Houaiss como candidato a vice-governador do Rio de Janeiro pelo PT e como ministro da Cultura do governo Itamar Franco e disse que, ao longo de seus 83 anos de existência, Houaiss, "possuidor de multifacetada operosidade intelectual", distinguiu-se em várias atividades: como professor de português, filólogo, diplomata, político, acadêmico, enciclopedista, dicionarista, bibliógrafo, ensaísta, crítico literário, teórico da literatura, tradutor, humanista, jornalista "e também como amante da gastronomia".
13/04/1999
Agência Senado
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