Aloysio Nunes critica projeto do trem-bala e diz que discurso de austeridade do governo é desmentido pelos fatos




O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) disse nesta quarta-feira (16) que o discurso de austeridade feito pelo governo Dilma Rousseff tem sido desmentido diariamente pelos fatos. Ele citou artigo escrito por Miriam Leitão e publicado no jornal O Globo, em que a jornalista comenta "um dos projetos mais mirabolantes, mais megalomaníacos, um dos projetos que revelam a maior irresponsabilidade na formulação de políticas públicas, que é projeto do chamado trem de alta velocidade".

O parlamentar assinalou que esse "é o maior projeto do PAC", com custo previsto de cerca de R$ 34 bilhões "e, segundo o que indica um estudo alentado promovido pelo Centro de Estudos da Consultoria do Senado, subestimado".

Aloysio Nunes assinalou que o custo estimado para o trem de alta velocidade equivale a duas hidrelétricas de Belo Monte; a 12 vezes o que foi investido nos aeroportos brasileiros nos últimos dez anos; a mais que o dobro detodos os investimentos públicos e privados em ferrovias de 1999 até 2011; e a oito ferrovias Transnordestina.

O senador lembrou que no anúncio da obra o governo assegurou que não haveria um centavo de dinheiro público investido e que o risco do empreendimento seria privado. No entanto, salientou, daquele total, R$ 20 bilhões serão oriundos e empréstimo subsidiado do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e R$ 3 bilhões seriam aporte do capital de uma empresa a ser criada.

- E mais ainda: Existe a diferença dos empreendimentos privados, a garantia total de lucro. Porque se porventura a demanda não corresponder àquela estimada pelo projeto, aumenta-se o subsídio do juro. Então é um negócio rigorosamente de pai para filho, que já chamou a atenção do Ministério Público Federal, que conseguiu um adiamento da licitação e o aprofundamento dos estudos para a concretização desse projeto, que eu espero que não se concretize - declarou.

O senador disse que o Brasil tem hoje 28 mil quilômetros de ferrovias e seria preciso pelo menos dobrar essa cobertura férrea. Ele perguntou como será possível fazer isso se o dobro dos recursos necessários para tanto será consumido pelo trem-bala. Frisou que o país precisa de ferrovias convencionais e que o projeto do trem de alta velocidade vai na contra mão dos propósitos anunciados pelo governo de reduzir o endividamento público, "na contra mão da necessidade da economia brasileira".

Aloysio Nunes encaminhou um requerimento para realização de audiência pública na Comissão de Serviços de Infra-Estrutura (CI), convidando o diretor-executivo da Associação Nacional de Transportes Ferroviários, Rodrigo Vilaça; o especialista em logística Paulo Fernando Fleury; e o consultor legislativo do Senado Marcos Mendes para apresentarem os estudos que têm sobre esse tema.



16/02/2011

Agência Senado


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