Alvaro Dias atribui longevidade de Ricardo Teixeira na CBF à cumplicidade de autoridades e diz que governo deveria intervir



Em pronunciamento nesta terça-feira (12), o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) disse que o governo brasileiro deveria influir na escolha do dirigente do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014, como forma de garantir a lisura no uso do dinheiro público destinado ao empreendimento. Apenas 8,8% das verbas destinadas à competição esportiva têm origem privada, ressaltou o senador, que requereu ao Ministério dos Esportes informações sobre todos os compromissos assumidos pelo governo para a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil.

- O povo está pagando pela organização da Copa do Mundo. Portanto, a responsabilidade é do governo – afirmou.

Quanto a Ricardo Teixeira, tanto da presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) quanto do Comitê Local da Copa de 2014, Alvaro Dias lamentou que a renúncia não tivesse acontecido muito antes. O senador, que em 2001 presidiu a CPI do Futebol para investigar denúncias de irregularidades envolvendo a CBR, atribuiu a longevidade de Ricardo Teixeira na direção da entidade esportiva à cumplicidade de autoridades do Legislativo, do Executivo e do Judiciário, cooptadas pelo poder econômico e político.

- A renúncia de Ricardo Teixeira se dá muito mais em resposta à pressão externa que interna, porque no Brasil ele obteve apoio de dirigentes e políticos que chegaram a se manifestar na forma de apelo para que ele continuasse dirigindo a CBF – acusou.

Alvaro Dias recordou que foi exatamente a CPI do Futebol, realizada no Senado há pouco mais de 10 anos, que revelou a existências de contas correntes ligadas a Ricardo Teixeira em paraísos fiscais, que estabeleciam uma triangulação de recursos que chegavam ao Brasil.

Recentemente, disse Alvaro Dias, a BBC de Londres, apresentou ao mundo fatos criminosos relacionados ao futebol, os quais tiveram origem na CPI instalada no Senado. O senador destacou ainda a batalha jurídica que a emissora inglesa vem enfrentando para dar continuidade à divulgação de outros episódios sobre o mesmo caso.

A CPI do Futebol, destacou o senador, indiciou 17 cartolas brasileiros, dirigentes de federações e de clubes, incluindo Ricardo Teixeira. Em razão das apurações do colegiado, mais de R$ 160 milhões foram recuperados pela Receita Federal e Banco Central, decorrentes de transações marginais realizadas com a venda e empréstimos de jogadores brasileiros a clubes do exterior.

Antes de concluir seu pronunciamento, Alvaro Dias questionou a utilização e os custos da manutenção futura das obras previstas para a Copa do Mundo, repetindo denúncias já divulgadas pela imprensa, que apontam superfaturamento na reforma do estádio Mané Garrincha, em Brasília – mais de R$ 260 milhões foram acrescidos ao orçamento original da obra, com 11 contratos aditivos já concretizados.



12/03/2012

Agência Senado


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