CPI do Futebol antecipou denúncias contra Ricardo Teixeira, diz Alvaro Dias




O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) defendeu nesta segunda-feira (30) o papel das comissões parlamentares de inquérito (CPIs) no Congresso Nacional, que para ele são muitas vezes criticadas indevidamente. Num momento em que reúne assinaturas para criação de uma CPI que investigue o crescimento patrimonial do ministro chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, Alvaro Dias usou como exemplo de ação de sucesso a CPI do Futebol, presidida e idealizada por ele em 2000 e 2001.

Segundo o senador, as denúncias apresentadas pela CPI do Futebol voltaram à pauta este mês com a revelação, pela emissora de televisão inglesa BBC, de que dois dirigentes de futebol foram obrigados a devolver dinheiro de propinas em um acordo para encerrar investigação criminal na Suíça, em 2010. Um dos dirigentes, de acordo com a BBC, foi o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira. No final do ano passado, Ricardo Teixeira, que faz parte do conselho consultivo de marketing e TV da Fifa, também foi acusado de receber cerca de R$ 16 milhões de propina para a escolha da empresa International Sports and Leisure (ISL) como agência de marketing da entidade.

Alvaro Dias lembrou que, em seu relatório final, a CPI do Futebol apontou existência de crimes como evasão de divisas e lavagem de dinheiro praticados por dirigentes da CBF. Ao investigar o assunto, a CPI identificou movimentações financeiras suspeitas entre empresas, envolvendo Ricardo Teixeira. O senador leu parte do relatório do ex-senador Geraldo Althoff, que apontava envolvimento do dirigente com a empresa Sanud Etablissement, com sede em um paraíso fiscal.

- O que a imprensa internacional denuncia hoje, a CPI do Futebol denunciou aqui em 2001. Esta denúncia surgiu exatamente das investigações da CPI do Futebol e, provavelmente, seu relatório final é que motivou a abertura de inquérito na Suíça para as investigações que acabaram levando o senhor Ricardo Teixeira a devolver dinheiro de propina, conforme anunciou a BBC - afirmou o senador.

O líder do PSDB no Senado também criticou o silêncio do governo federal quanto às denúncias, uma vez que a CBF e Ricardo Teixeira participam da organização da Copa do Mundo de 2014 no país.

- Que credibilidade tem este dirigente? Que autoridade moral tem ele para movimentar os bilhões necessários para execução do projeto da Copa 2014? O governo tem responsabilidade ao admitir que alguém com esse currículo e essa imagem internacional seja o condutor de projeto desta relevância para o Brasil - cobrou Alvaro Dias.

Fornecedores

A Fifa tem indicado a aquisição de equipamentos para os estádios destinados à Copa de 2014 que, por força de lei, não podem ser comprados para obras feitas com dinheiro público. A revelação foi feita pelo secretário extraordinário da Copa do Mundo do Estado de Pernambuco, Sílvio Bompastor, em audiência pública realizada na terça-feira (24) pela Subcomissão Permanente da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016.

- É uma coisa delicada de falar e não se entenda aqui que estou criticando a Fifa. Mas, de alguma forma, algum dia, a Fifa vai entender que aqui não é a Suíça. Este país tem lei, tem norma, tem um arcabouço jurídico diferente do suíço. E nós estamos recebendo, semanalmente, indicações por escrito da Fifa para contratação e fornecimento de diversos artigos, equipamentos etc., para o campo de futebol - revelou.

Segundo Bompastor, a Fifa tem enviado ofícios indicando fornecedores de equipamentos como os refletores para o estádio, placar, assentos, cobertura e até a tinta a ser usada nas traves.

O secretário disse que as 12 cidades-sede da Copa querem marcar uma reunião com o Comitê Local da Fifa, o Senado e os órgãos federais e estaduais de fiscalização para definir uma forma de estabelecer a obrigatoriedade de compra para os equipamentos indicados pela Fifa.

O secretário disse ainda que nas cidades onde foram firmados contratos no modelo de Parceria Público-Privada (PPP), não há problema com as indicações da Fifa, pois a empresas estão liberadas pelalei para comprar. Mas onde as obras utilizam recursos públicos, é preciso obedecer à Lei de Licitações (Lei 8.666/93).



30/05/2011

Agência Senado


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