Alvaro Dias condena poder excessivo dos bancos



O Brasil não deve esperar a cooperação dos bancos para enfrentar a crise de crédito e a esperada recessão mundial. É o que pensa o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), em concordância com editorial publicado nesta quarta-feira (18) pelo jornal O Estado de S. Paulo.

O periódico paulista critica o presidente da Federação Brasileira das Associações de Bancos (Febraban), Fábio Barbosa, por defender a alta remuneração das instituições financeiras, medida com base na diferença entre as taxas que pagam aos aplicadores e as que cobram pelos empréstimos - o chamado spread.

Em entrevista concedida ao mesmo jornal, Barbosa reconhece que a remuneração dos bancos - de até 40% - é "a mais elevada do mundo", mas disse que esse spread não se deve a uma postura gananciosa ou egoísta dos banqueiros. Seria, segundo o dirigente, o resultado de desordens típicas da economia brasileira, como o excesso de tributos; a alta inadimplência; a concessão de crédito obrigatória a determinados setores; e o grande volume de recursos recolhidos ao Banco Central para o controle da moeda.

Além disso, com a escassez de crédito no exterior, as grandes empresas passaram a demandar empréstimos internos, o que desequilibrou a relação entre oferta e procura e tornou mais caro o custo do dinheiro.

"O Brasil foi atingido pelos primeiros impactos da crise de crédito no terceiro trimestre de 2008. Desde então, o crédito ficou mais caro porque os bancos ampliaram o spread, mesmo quando o Banco Central relaxou o recolhimento compulsório", denuncia o jornal.

Alvaro Dias chamou a atenção para um estudo mencionado pelo Estado de S. Paulo, que poria por terra os argumentos apresentados pelos banqueiros. Segundo especialistas, impostos, taxas, e o depósito compulsório no BC correspondem a pouco menos de 1/4 do spread. Inadimplência e custo administrativo equivaleriam à metade da remuneração. "Sobra um ganho líquido superior a 1/4", diz o jornal.

Ainda assim, Barbosa diz considerar "convergentes" os interesses dos bancos e da indústria e do comércio. De acordo com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ouvido pelo jornal, "se isso [o aumento do spread] acontecesse há 40 anos, dava cadeia, por agiotagem".

- Desde a eclosão dessa crise financeira internacional, discutimos as medidas adotadas pelo governo para o seu enfrentamento e notamos que a primeira preocupação foi com os bancos e os banqueiros, e não com os trabalhadores - analisou o senador.

Alvaro Dias responsabiliza o governo por consentir na transferência de renda da sociedade para os bancos, o que levou a "um crescimento pífio num ambiente extraordinário da economia mundial".

Taxa de investimentos

O senador mencionou ainda análise do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), em parceria com o Instituto Talento Brasil, tratando do desperdício de oportunidades pelo governo no ano de 2007, quando houve relativa folga fiscal. Os investimentos em infraestrutura do governo federal alcançaram apenas 0,34% do Produto Interno Bruto (PIB). O Brasil precisaria de investimentos em torno de 3% do PIB para evitar a degradação da infraestrutura do país.



18/02/2009

Agência Senado


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