Álvaro Dias critica modelo de privatizações do governo federal



O senador Álvaro Dias (sem partido-PR) criticou o modelo de privatizações adotado pelo governo federal, por estar causando prejuízos ao país. Ele citou como exemplo a venda, em agosto do ano passado, de 14,5% das ações ordinárias da Petrobras. "Foram arrecadados R$ 7,2 bilhões, mas o governo perdeu mais de R$ 5 bi porque neste período de um ano as ações valorizaram entre 70 a 77%", calculou.

O prejuízo gerado pela venda das ações da Petrobras, na avaliação do senador, não ficará nos R$ 5 bilhões, mas aumentará na medida em que as ações continuarão rendendo lucros e dividendos para seus compradores. Ele também lembrou que o governo negociou as ações na Bolsa de Nova York na mesma madrugada do dia em que o Senado votaria projeto de lei, de sua autoria, que propunha a proibição da venda das ações da empresa.

- Na calada da noite o governo, de forma surpreendente, antecipou-se e vendeu as ações. Quando chegamos para votar o projeto, surgiu a notícia de que as ações tinham sido vendidas - lamentou.

Para Álvaro Dias, o modelo de privatizações do governo também falha ao permitir que multinacionais utilizem recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para adquirir estatais brasileiras, especialmente as do setor de energia. Ao invés disso, defendeu, o governo deveria estimular empresas privadas a investir na expansão do setor energético para competir com as geradoras de energia pertencentes aos estados. Ele discordou da possibilidade da utilização de moedas podres, como precatórios, na compra das estatais.

As conseqüências da privatização, na opinião de Álvaro Dias, se farão sentir mais ainda a partir de 2003, quando as grandes multinacionais que adquiriram estatais brasileiras remeterão seus lucros para o país de origem, em dólar. Ele registrou que as empresas estrangeiras não têm nenhum compromisso de natureza social com o povo brasileiro, mas apenas visam o lucro.

Copel

O senador alertou que o governo do seu estado está repetindo os mesmos erros do governo federal, ao insistir na privatização da Companhia Paranaense de Energia (Copel). Ele citou estudo feito pelo Dieese para informar que, se a empresa for vendida, o dinheiro arrecadado estará todo gasto entre 11 meses e três anos, sem deixar benefícios para a população do estado.

Álvaro Dias também registrou que o preço previsto para a venda da empresa - entre R$ 7 e 9 bilhões - é muito inferior ao que ela realmente vale. O senador informou que técnicos da própria Copel avaliaram a companhia em mais de R$ 25 bilhões. "Mas o governo do Paraná quer dar um presente de casamento real para uma grande empresa multinacional", disse. Ele acrescentou que vai lutar para que a venda da estatal paranaense não se concretize.

Em aparte, o senador Íris Rezende (PMDB-GO) disse que, apesar de ter votado favoravelmente aos pedidos de autorização do governo para privatizar estatais, tem dúvidas se repetiria o voto hoje. Ela manifestou preocupação principalmente pela venda da Companhia Vale do Rio Doce. "Hoje sinto que a empresa praticamente foi dada de presente a um grupo que adquiriu, com dinheiro do BNDES, um patrimônio que nenhuma pessoa em sã consciência é capaz de nominar", declarou.

23/08/2001

Agência Senado


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