Alvaro Dias denuncia pressão da CBF para retirada de assinaturas de CPI do Corinthians



O senador Alvaro Dias (PSDB-PR), um dos autores do requerimento de criação da comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que vai investigar crimes financeiros no futebol, revelou que o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, está pressionando parlamentares para a retirada de assinaturas. Até agora, voltaram atrás 75 deputados e três senadores.

- Por que temem a instalação de uma CPI? - questionou.

A razão para a não realização da investigação, segundo a CBF, disse Alvaro Dias em discurso no Plenário nesta quinta-feira (1º), é que uma CPMI poderia prejudicar a realização da Copa do Mundo de 2014 no país.

- A Fifa [Fédération Internationale de Football Association] já disse que não há relação [entre a investigação e a Copa] - explicou.

A CPMI só é considerada criada a partir da leitura em sessão conjunta do Congresso Nacional. Até lá, os parlamentares podem retirar ou colocar seus nomes do requerimento de criação. Alvaro Dias defendeu uma modificação no Regimento Interno do Congresso, para acabar com esta possibilidade, valorizando a assinatura do parlamentar. A situação atual, de possibilidade de retirada de assinaturas, em sua opinião, "apequena o Congresso".

- Assinatura aposta é assinatura definitiva. Não sei se alguém consegue retirar assinatura de cheque emitido e já nas mãos do credor. Aqui, é possível - lamentou.

Alvaro Dias argumentou que a corrupção tem que ser combatida onde estiver, seja na política, no Congresso Nacional, no governo, no Judiciário, ou no futebol. Ele também pediu aos senadores que não se deixem apequenar, retirando as assinaturas a partir de uma interferência do "imperador do futebol", numa referência a Ricardo Teixeira.

- Senadores são amadurecidos na luta política, são ex-governadores, ex-ministros, ex-embaixadores, lideranças políticas, homens públicos experimentados. Tenho certeza de que não admitirão essa interferência - disse.

O senador também manifestou preocupação com a organização da Copa 2014 pelo Brasil. Ele frisou que o governo precisa "se responsabilizar e fiscalizar" o emprego dos recursos. Há a previsão de investimento de US$ 10 bilhões, entre recursos públicos e privados, e para o senador, a CBF "não tem condições morais para conduzir isoladamente um projeto desse porte".

Em aparte, o senador Mario Couto (PSDB-PA) disse ser "conversa para boi dormir" tentar impedir a realização da CPMI colocando a culpa na Fifa. O senador Mão Santa (PMDB-PI) lembrou da importância do esporte para a juventude e o senador Geraldo Mesquita Filho (PMDB-AC) anunciou que, se for abordado para a retirada da assinatura, denunciará tudo na tribuna do Plenário.



01/11/2007

Agência Senado


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