Alvaro Dias diz que visita de Bush deveria servir para diminuir barreiras comerciais
A visita do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, ao Brasil, deveria servir para a discussão dos problemas políticos e econômicos e para uma flexibilização na postura das nações ricas com relação aos países em desenvolvimento, disse o senador Alvaro Dias, nesta sexta-feira (9), em pronunciamento na sessão plenária. A observação do senador foi feita, principalmente, em relação às barreiras e entraves comerciais impostos pelos Estados Unidos aos produtos agropecuários brasileiros.
O senador destacou, como exemplo, o imposto cobrado pelos Estados Unidos sobre o álcool anidro (etanol), de US$ 0,54 por galão. Disse que Bush deverá ser cobrado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre esse imposto, bem como sobre taxas alfandegárias e subsídios à agricultura norte-americana.
Alvaro Dias afirmou, no entanto, não acreditar que a presença de Bush no Brasil mude essa situação, pois, em sua avaliação, o presidente norte-americano não tem autoridade mundial suficiente para alterar a lógica dos países ricos com relação aos países pobres. Disse também que Bush não se vale do poderio da nação que representa para estabelecer justiça entre os povos e paz no mundo; ao contrário, tem ferido a autonomia dos povos.
Para o senador, o presidente da maior nação do mundo visita uma América Latina insatisfeita, que não aceita seus ditames e sua política. Bush, segundo o parlamentar, percebe esse movimento, principalmente a partir das vitórias de políticos no continente, como Hugo Chávez, na Venezuela, e também compreende que os Estados Unidos estão cada vez mais dependentes da política energética de outros países.
Essa dependência, observou o senador, traz riscos inevitáveis para os Estados Unidos e fez também com que Bush reconhecesse o aquecimento global e as falhas de sua política econômica e ambiental.
- Para ter menos dependência do Oriente Médio, ele (Bush) poderia mudar essa situação, mas mantém de forma irredutível a taxação sobre o álcool brasileiro e subsidia o álcool americano feito do milho. Portanto, é uma lógica difícil de ser compreendida - disse Alvaro Dias.
O senador ressaltou as atividades agrícolas e tecnológicas avançadas desenvolvidas no Brasil, bem como projetos na área de biossegurança e o fato de o país ter boa parte de seu território considerada Patrimônio da Humanidade, como a Amazônia e o Pantanal. Ainda assim, observou, os países ricos insistem em "asfixiar o país com políticas desumanas e taxações inexplicáveis".
- Essas barreiras alfandegárias submetem os produtores brasileiros a situações trágicas - opinou o senador.
Em aparte, a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) disse que o pronunciamento de Alvaro Dias é da maior importância e que os países devem procurar encontrar um entendimento sobre esses assuntos para o bem do Planeta, destacando a questão do biocombustível.
Além do etanol, os Estados Unidos estabelecem barreira sanitária para a carne bovina in natura e sobretaxam em US$ 418 a tonelada do suco de laranja mais 19% sobre o preço de mercado.09/03/2007
Agência Senado
Artigos Relacionados
Para Alvaro Dias, MP do Cade não deveria ser sequer admitida pelo Senado
Álvaro Dias apóia movimento para diminuir tarifas de pedágio
Vídeo | Brasil deveria dar asilo a Snowden para esclarecer espionagem, sugere Alvaro Dias
Vídeo | Oposição não deveria ir ao encontro com Dilma, diz Alvaro Dias
Senado deveria devolver MP da Copa ao Executivo, diz Alvaro Dias
Fiesp quer audiência com governo argentino para discutir barreiras comerciais a produtos brasileiros