Alvaro Dias: Quadro partidário está falido
Em discurso na tarde desta segunda-feira (6), o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) criticou a "geléia geral" em que, segundo ele, transformou-se a vida partidária nacional. Ao traçar uma análise dos resultados das eleições municipais realizadas neste domingo (5), o parlamentar lamentou que os partidos não baseiem mais sua atuação e coligações no conteúdo de seus programas, mas em interesses locais.
Para classificar o que está ocorrendo com as agremiações partidárias, o senador usou a expressão "falência dos partidos". E advertiu para a confusão que esse processo está causando na cabeça do eleitor. Alvaro disse que em um único dia fez campanha em sete cidades diferentes e usou sete números de partidos diferentes, segundo as coligações estabelecidas pelo PSDB.
- Não são partidos programáticos; são siglas para registro de candidaturas que se associam para eleger. E nessa associação assistem-se alianças estapafúrdias. Estabelece-se uma espécie de geléia geral, uma confusão capaz de colocar muitas dúvidas no eleitor, por mais esclarecido que seja. Na verdade, consagra-se uma anarquia programática - disse o senador.
Por essa razão, o senador afirmou não ver conexão entre as campanhas municipais e o quadro político nacional. Assim, os resultados do último pleito não espelhariam nem a vitória do governo e nem da oposição.
- A oposição, aliás, está dizimada. E não falo da oposição ao governo federal, mas de qualquer oposição - disse o senador, explicando que o uso da máquina administrativa pelos atuais prefeitos torna praticamente certa a sua eleição, a não ser quando podem ser considerados "péssimos". O parlamentar condenou ainda a prática, conforme ele, comum, de o governante gastar preferencialmente às vésperas das eleições.
- A fidelidade partidária acabou. Hoje é possível apoiar candidatos de qualquer partido - disse, em aparte, o senador Romeu Tuma (PTB-SP), que também criticou as campanhas baseadas no marketing e não em compromissos que devem ser cumpridos.
Pesquisas e debates
Alvaro Dias previu que "a pulverização dos quadros políticos" vai empurrar a disputa eleitoral em 2010 para uma aglutinação em torno de nomes e não de partidos. As agremiações terão que se juntar, de forma contraditória, em torno desses nomes. De acordo com Alvaro, isso é o que já ocorre hoje em dia em relação ao governo Luiz Inácio Lula da Silva.
De todo modo, o senador disse acreditar que houve avanços no processo eleitoral, como o fim dos "showmícios", brindes, camisetas, bonés, outdoors, entre outros meios de propaganda, o que significou economia de custos e respeito ao eleitor.
Mas o senador pediu um debate acerca de novas regras para pesquisas e debates. Com relação às primeiras, pediu mudanças de regras para evitar a manipulação de números. Ele citou como exemplo, a posição de desvantagem atribuída ao candidato do PSDB à prefeitura de Londrina, Luiz Carlos Hauly, por um instituto de pesquisa. Este teria cerca de 10% das intenções de voto, mas acabou recebendo mais de 23% dos votos e vai disputar o segundo turno.
O senador manifestou-se contra a possibilidade de um instituto trabalhar ao mesmo tempo para partidos, candidatos e meios de comunicação e a favor de regras mais claras para a punição dos institutos que faltarem com a ética.
Sobre os debates, o parlamentar disse que a existência de muitos partidos políticos e, por conseqüência, muitos candidatos, estabelece um debate "esvaziado de conteúdo", no qual os candidatos ficam muito parecidos, e o eleitor não tem como distingui-los.
- Tudo isso exige uma reforma política de amplitude. O Brasil já condenou esse modelo. Agora, o presidente da República encaminha ao Congresso Nacional um projeto de reforma política. É esperança ou é encenação? Esperamos que o presidente, principalmente depois das lições aprendidas durante essa campanha eleitoral, possa realmente se interessar, de fato, pela reforma política - conclamou Alvaro Dias.
06/10/2008
Agência Senado
Artigos Relacionados
Alvaro Dias: modelo de reforma agrária do governo está falido
Paim diz que sistema prisional brasileiro está falido
Paim diz que sistema prisional brasileiro está falido
Jayme Campos: sistema de transporte brasileiro está falido
Ação do PCC mostra que sistema de segurança está falido, diz Paim
Alvaro Dias: eleitor brasileiro está desencantado