ÁLVARO DIAS: REESTRUTURAÇÃO DE BANCOS OFICIAIS PREOCUPA EMPRESÁRIOS
A entidade paranaense avaliou principalmente a proposta da consultoria de retirar do Banco do Brasil as atividades ligadas ao crédito rural e de transformá-lo em banco exclusivamente comercial, com o fechamento de agências deficitárias, esclareceu o senador. A reestruturação sob análise também prevê a criação de duas novas agências de fomento via fusão do Banco da Amazônia (Basa) com a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e do Banco do Nordeste (BNB) com a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Com a fusão, o Basa e o BNB deixariam de captar recursos junto ao público.
A consultoria, segundo relatou o senador, alega que a concessão de financiamentos agrícolas exige muitos funcionários, encarecendo os empréstimos feitos pelo BB, e sugere que os recursos para crédito rural sejam captados nas próprias regiões. O senador leu o conteúdo do documento que lhe foi enviado pela Associação Comercial, que diz:
- É de conhecimento primário que mercados financeiros devem financiar as atividades primárias, até porque esta última é uma grande transferidora de recursos aos insaciáveis sistemas financeiros. Além do mais, é impossível exercer atividades agropecuárias na avenida Paulista ou em Copacabana.
Sobre o mesmo assunto, Álvaro Dias repercutiu editorial de jornal de Guarapuava e advertiu que outro equívoco do governo estaria na proposta de venda de ações da Petrobras de propriedade da União. Ele informou que, na próxima terça-feira, a bancada do PSDB reúne-se com os ministros Pedro Malan (Fazenda), Rodolpho Tourinho (Minas e Energia), Alcides Tápias (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e Pedro Parente (Casa Civil) para discutir a questão, e defendeu que seu partido deve adotar posição contrária à do governo. "O PSDB não pode abandonar todas as suas bandeiras em nome de um apoio intransigente e cego a todas as ações do governo", disse ele.
Álvaro Dias recorreu a entrevista do brazilianista Thomas Skidmore, para quem boa parte dos problemas brasileiros pode ser atribuída ao vácuo intelectual, ao conformismo e à falta de confiança em buscar alternativas econômicas e políticas próprias. A entrevista de Skidmore "é um alerta", advertiu.
É hora de o governo repensar não apenas o modelo de privatização, mas também o próprio modelo econômico - defendeu.
27/04/2000
Agência Senado
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