Ana Júlia lembra massacre de Carajás e diz que Lula trata sem-terras com política, não com polícia



Ao lembrar em Plenário que no sábado (17) se completam oito anos do massacre de 19 trabalhadores sem terra em Eldorado de Carajás (PA), a senadora Ana Júlia Carepa (PT-PA) afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mudou radicalmente a forma com que o governo brasileiro vinha tratando as reivindicações pela reforma agrária.

- Lula sabe que os sem-terra não são caso de polícia, mas de política, de política agrária e de política agrícola - disse. Ela fez um paralelo entre a ação do então governador do Pará, Almir Gabriel, que mandou em 1996 a polícia desimpedir a rodovia ocupada por sem-terras, e a desocupação pacífica da fazenda da Veracel, na Bahia, feita recentemente de forma pacífica.

Ana Júlia lamentou que o episódio de Eldorado de Carajás tenha manchado a imagem do Brasil em todo o mundo. A ação violenta da polícia do Pará acabou transformando o dia 17 de abril em Dia Internacional da Luta pela Terra. Ana Júlia disse ser impossível desvincular a ação da PM de uma reunião ocorrida pouco antes em Belém (PA), na sede da Federação da Agricultura do estado, "quando se bradou, como muitas vezes ainda vemos hoje, pela ausência do uso da força de forma ostensiva contra os sem-terra".

- E por que os sem-terra ocupavam naquele 17 de abril de 96 a estrada PA-150? Foi o derradeiro recurso que aquele grupo de agricultores lançou mão para ser ouvido, pois havia meses se encontravam acampados à beira da estrada, sem interrompê-la, aguardando ações do Incra que nunca vieram - sustentou a senadora paraense.

Ana Júlia destacou ainda que o presidente Lula assegurou uma verba extra de R$ 1,7 bilhão para o projeto de reforma agrária, neste ano. Essa verba será suficiente para cumprir a meta de assentamento de 115 mil famílias até o final deste ano, disse.

- Para isso, o governo Lula tem acelerado a política de assentamentos. No primeiro trimestre deste ano foram assentadas 11.093 famílias, o dobro da média dos últimos 9 anos, que foi de 5.567 famílias - afirmou.



16/04/2004

Agência Senado


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