CÂNDIDO LEMBRA MASSACRE DE CARAJÁS E PEDE PUNIÇÃO DE ASSASSINOS



Ao lembrar o assassinato de trabalhadores sem-terra em Eldorado de Carajás, o senador Geraldo Cândido (PT-RJ) disse que, passados três anos, até hoje nenhum dos policiais militares envolvidos no massacre está preso. Segundo o senador, a prometida "apuração rigorosa" não passou de demagogia. "Cobrar a punição dos assassinos é dever de toda a sociedade brasileira", defendeu.Geraldo Cândido notou que, na semana em que se relembra a data dos mártires do Pará, o governo "promove mais um engodo", que é a criação do Banco da Terra, uma linha de crédito do BNDES para o pagamento de latifúndios desapropriados. Ele esclarece que as entidades que lutam pela reforma agrária são contrárias à proposta. "Além do poder público abrir mão de conduzir a reforma agrária, vai premiar os grandes proprietários de terra que, em vez de receberem Títulos da Dívida Agrária, a serem resgatados em 20 anos, passam a receber dinheiro à vista. Mesmo o latifúndio improdutivo se transforma em ativo financeiro."Em contrapartida, acrescenta o senador, para os sem-terra Fernando Henrique Cardoso propõe o fim do Programa de Crédito Especial para a Reforma Agrária (Procera), a linha de crédito que beneficia os agricultores mais pobres, a extinção do Incra e a municipalização da reforma agrária. Para realçar a gravidade do problema agrário nacional e as conseqüências dessa medidas governamentais, Geraldo Cândido lembrou que o Brasil é hoje o segundo país do mundo em concentração da propriedade da terra, só perdendo para o Paraguai. "Segundo o Incra, 2% de proprietários rurais são donos de mais de 50% das terras", informou.Para Geraldo Cândido, a história da luta pela terra no país tem sido escrita com sangue. O senador disse que além dos 19 mortos e mais de 60 feridos de Carajás, registra-se o assassinato de 922 pessoas no campo, somando-se mais de 820 tentativas de assassinato e 2.412 ameaças de morte no período de 1985 a 1995, segundo denúncia da Pastoral da Terra. "Em razão desses crimes apenas 57 pessoas foram processadas e tão somente 12 condenadas", lamentou.

16/04/1999

Agência Senado


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