Angela Portela diz que, apesar de avanços, violência contra a mulher continua a crescer
A senadora Angela Portela (PT-RR), presidente da Subcomissão Permanente em Defesa da Mulher, afirmou que apesar da aprovação da Lei Maria da Penha, a violência contra a mulher no ambiente doméstico continua a crescer. A afirmação foi feita com base em pesquisa de vários institutos do país, segundo os quais quatro em cada dez mulheres brasileiras já foram agredidas por companheiros.
Em duas das pesquisas mencionadas por Angela Porgela, aparecem indicadores quase idênticos: 40% das mulheres admitem ter sofrido algum tipo de violência doméstica e familiar. A senadora participou de debate sobre o tema promovido pela subcomissão, que funciona no âmbito da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH).
- O espaço que cabe às mulheres, numa sociedade de tradição patriarcal e machista como a brasileira, precisa ser conquistado com muita luta e, na maioria das vezes, com muita dor também. Somos quase 52% da população e do eleitorado do país [Somos] 40% da força de trabalho. Nos bancos das universidades, as mulheres representam mais de 62% das vagas e, ainda assim, o papel que nos cabe nesta sociedade é de meras coadjuvantes - afirmou Angela Portela.
A senadora acredita que ainda prevalece na sociedade brasileira a discriminação e o preconceito contra a mulher, pois ela é vista como objeto sem direitos profissionais e pessoais, inclusive sobre seu próprio corpo. A solução estaria na maior participação na política que ainda é muito pequena, apenas 10% na Câmara e no Senado, lamentou.
Pesquisas
Conforme Angela Portela, a pesquisa Percepção sobre a Violência Doméstica, do Instituto Avon e da Ipsos, mostra que 47% das mulheres entrevistadas em questionário sigiloso admitiram terem sido agredidas fisicamente dentro de sua própria casa. Homens também foram entrevistados e 38% assumiram ter agredido devido ao álcool ou por ciúmes, sendo que 12% confessaram tê-lo feito sem qualquer motivo.
A pesquisa, informou, foi feita em 70 municípios de todas as regiões do país, com 1.800 homens e mulheres. Um dado coincide, segundo a parlamentar, com outras pesquisas realizadas: a maioria de homens e mulheres afirma conhecer a Lei Maria da Penha, que adota diversas medidas de proteção à mulher;
- As mulheres admitem que se recusam a deixar os homens por medo e por falta de condições de obter o próprio sustento - explicou a parlamentar.
Em outra pesquisa, apresentada durante audiência pública, Mulheres Brasileiras - Gênero nos Espaços Público e Privado, da Fundação Perseu Abramo/Sesc, realizada em agosto de 2010 com 2.365 mulheres e 1.181 homens mostra um cenário parecido. Nessa pesquisa, relatou, 40% das mulheres admitem ter sofrido a violência, sendo que 24% mencionam violência física.
Nessa pesquisa, as mulheres dizem que o pior da condição feminina é a violência, e mencionam que, para melhorar as condições de vida, precisam de mais empregos "para ter independência financeira dos maridos", relatou a parlamentar.
Por fim, a senadora mencionou série de pesquisas feitas pelo DataSenado, a cada cinco anos: Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, concluída em março e que mostra que 66% das mulheres consideram que a violência contra a mulher aumentou. Das entrevistadas, disse a senadora, 100% admitem conhecer a Lei Maria da Penha, porém para 68% o medo faz com que deixem de denunciar os agressores. O fato de a lei impedir que se retire a queixa contra o agressor também é fator que as leva a não registrarem a denúncia.
12/07/2011
Agência Senado
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