Ao devolver mandato de Jango, Congresso se reencontra com a verdade, afirma Renan
O reconhecimento da injustiça cometida contra o ex-presidente João Goulart (1919-1976) reconcilia o Congresso Nacional com a verdade e apaga uma nódoa da história brasileira. A afirmação foi feita pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, durante sessão solene do Congresso destinada a devolver simbolicamente o mandato a Jango. O ex-presidente foi deposto em 1964, em um golpe de estado que iniciou o regime militar.
- Estamos recusando a falsidade que perdurou por 49 anos e nos reencontrando oficialmente com a verdade, afinal, a mentira é tão nociva à verdade quanto o silêncio – declarou o presidente do Senado.
A devolução do mandato veio em razão da aprovação, em novembro, de projeto dos senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). O projeto anulava a sessão de 2 de abril de 1964, na qual o então presidente do Senado, na Presidência da Mesa do Congresso, Auro de Moura Andrade, declarou vaga a Presidência da República, tornando possível o afastamento de João Goulart do poder.
Para Renan, com a devolução, o Congresso declara que Jango não era um fugitivo, mas uma vítima que tentou resistir a um golpe militar. Segundo o presidente do Senado a história não pode ser apagada, mas também não pode ser confundida com a “versão dos vitoriosos do momento”.
- A versão, calçada na mentira, é efêmera e inconsistente. Já a verdade é eterna e sólida. Derrubar a versão, sabidamente ardilosa, representa nosso reencontro com a verdade - ressaltou.
Renan Calheiros agradeceu aos autores do projeto pela oportunidade que deram ao Congresso e à presidente Dilma Rousseff, presente no evento, pela criação da Comissão da Verdade. Depois, pediu desculpas, em nome do Congresso, ao ex-presidente.
- Em nome da instituição, peço desculpas pela inverdade patrocinada pelo Estado contra um ilustre brasileiro, um nacionalista, patriota, reformista e que, talvez, tenha conseguido reunir uma das melhores equipes de governo na história do Brasil - disse Renan.
18/12/2013
Agência Senado
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