Após manifestação de Cristovam, Renan obtém de Lula promessa de manter acordo sobre recursos para a arte e o esporte



O acordo costurado no Senado entre as classes artística e esportiva para a defesa de recursos para as respectivas áreas, apesar de rejeitado em votação na Câmara, será garantido por meio de medida provisória. A promessa foi feita pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente do Senado, Renan Calheiros, por telefone, após manifestação do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), em Plenário, nesta quinta-feira (21).

Cristovam explicou que, com a rejeição da emenda do Senado pela Câmara, a partir de 2007 os recursos da Lei Rouanet, até então reservados integralmente para a Cultura, serão divididos, com uma parte considerável passando a ser destinada ao Esporte. Por isso, o senador pediu a intervenção do presidente da República no sentido de editar uma medida provisória na forma do acordo que foi rejeitado.

- É preciso que interfiram no que talvez se torne uma tragédia para a cultura brasileira - disse.

Renan Calheiros, em contato com o presidente, obteve resposta positiva na mesma hora e foi respaldado, posteriormente, pela líder do PT, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), e pelo líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR). O projeto deve ser sancionado ainda este ano para garantir a aplicação de recursos em 2007, mas, concomitantemente, deve ser editada a MP com o texto da emenda rejeitada.

Acordo

O acordo foi concretizado no início de dezembro por meio de emenda de redação ao PLC 118/06, aprovada na Casa depois de uma intensa negociação com representantes dos dois segmentos - como a atriz Fernanda Montenegro e a atleta Hortência -, o que evitou que as duas classes passassem a disputar recursos.

A matéria, aprovada no dia 28 de novembro na Câmara, permite um abatimento de até 4% do imposto de renda devido das empresas e 6% do das pessoas físicas que fizerem doações a projetos desportivos. Mas, segundo a classe artística, a proposta compete com a Lei Rouanet (Lei 8.313/91), que destina o mesmo percentual de deduções para investimentos feitos em projetos culturais. Com a emenda aprovada no Senado, as deduções continuariam nos mesmos percentuais, mas as fontes de recursos para beneficiar a área esportiva deixariam de ser as previstas na Lei Rouanet. Assim, para essa área, passariam a ser usados incentivos fiscais voltados para programas de alimentação do trabalhador e renovação tecnológica, previstos em outras leis (Leis 6.321/76 e 8.661/93).

Apoio

Vários senadores apoiaram a manifestação de Cristovam, que é autor da emenda juntamente com o senador Wellington Salgado (PMDB-MG). Este último lamentou que a Câmara não tenha entendido o sentido do projeto - que, como afirmou, não retira dinheiro do trabalhador, mas, sim, obtém fundos a partir da isenção de impostos de empresas que adotem programas de alimentação dos trabalhadores, como os tíquetes alimentação. O senador disse lamentar que o Congresso, "tão abalado com escândalos sucessivos, seja incapaz de manter um acordo feito cara a cara".

O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) afirmou que a rejeição foi uma "traição aos propósitos que animaram vários senadores da Casa para balancear os recursos entre o Esporte e a Cultura". Já os senadores Magno Malta (PL-ES) e Romeu Tuma (PFL-SP) manifestaram alívio frente a possibilidade de a questão ser resolvida pela Presidência da República.

21/12/2006

Agência Senado


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