Área social pede para participar do programa Ciência sem Fronteiras
A Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs) quer que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação inclua estudantes da área no programa de bolsas do Ciência sem Fronteiras, lançado em julho. Gerenciada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a iniciativa concederá 75 mil bolsas de estudos no exterior nos próximos quatro anos nas área de engenharia, tecnologia e biologia.
Durante entrevista na abertura do 35º encontro anual da instituição, na segunda-feira (24) à noite, o presidente da Anpocs, Marcos Costa Lima, disse que espera negociar um percentual de vagas o mais breve possível com o CNPq. Ele aguarda uma resposta do conselho a uma carta protocolada pela instituição no dia 29 de setembro, reconhecendo a importância do Ciência sem Fronteiras, mas cobrando a inclusão de alunos da área no programa de bolsas de estudos.
“Hoje, em todas as áreas das ciências sociais, há grupos que trabalham com o desenvolvimento da inovação tecnológica, com fármacos, com novas energias ou com o impacto de problemas ambientais. Tudo isso faz parte da inovação”, ressaltou Lima, que preferiu não estimar o percentual de vagas para não prejudicar a negociação com o conselho.
Segundo o presidente da Anpocs, a instituição quer também negociar com o CNPq a inclusão de universidades da América Latina no programa, para que as bolsas não fiquem restritas a instituições nos Estados Unidos e na Europa. Para ele, seria uma injustiça não contemplar a região. “Temos universidades excepcionais na Argentina, na Venezuela, no Chile e no México”, destacou.
Para a presidenta da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), Bela Feldman Bianco, que assinou a carta da Anpocs, é uma contradição pensar em desenvolvimento e enfrentamento à miséria sem as ciências sociais. A professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) ressaltou que o País desenvolve conhecimento sobre temas emergentes como novas tecnologias.
O presidente da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP), Fabiano Santos, acrescentou que, com a exclusão das ciências sociais do programa de bolsas, os brasileiros também perdem a chance de contribuir com a política internacional. Durante abertura do evento da Anpocs, ele disse que os intelectuais do País têm importantes pesquisas, que devem ser compartilhadas.
“Do ponto de vista do que o mundo está vivendo hoje em termos de transformação do capitalismo, de transformação da política, as instituições estão se redefinindo e os cientistas sociais têm muito a falar. Principalmente os brasileiros, no que diz respeito à inclusão social, à participação política e à definição dos contornos da própria democracia e isso tem um nome: tecnologia política”, disse Fabiano Santos.
Além da ABA e da ABCP, assinaram a carta dirigida ao CNPq a Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS) e Associação Brasileira de Relações Internacionais (Abri).
As discussões do 35º Encontro Anual da Anpocs começam nesta terça (25) e se estendem até sexta-feira (28).
Em julho, durante a Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Goiânia, representantes da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do CNPq explicaram que o programa Ciência sem Fronteiras se destina à formação de recursos humanos para as áreas tecnológicas, como o caso das engenharias. O governo avalia que a maior oferta de bolsas para pesquisadores das áreas exatas também favorece os de humanas, como ciências sociais, que terão garantidas as linhas tradicionais de financiamento.
Fonte:
Agência Brasil
25/10/2011 11:10
Artigos Relacionados
Portugal apresenta proposta para participar do Ciência sem Fronteiras
USP recebe inscrições para programa Ciência sem Fronteiras
USP abrirá inscrições para programa Ciência Sem Fronteiras
Ciência sem Fronteiras lança programa para mestrado profissional nos EUA
Programa Ciência sem Fronteiras levará bolsistas para Itália
Fatecs iniciam inscrições para Programa Ciência Sem Fronteiras