Arruda apela por união em torno das reformas



As conseqüências que o Brasil poderá sofrer com a crise política e econômica da Argentina, motivaram o líder do governo, senador José Roberto Arruda (PSDB-DF), a apelar por uma união nacional em torno de pontos convergentes, deixando de lado, momentaneamente, as divergências políticas. Para Arruda, existe uma ameaça à economia brasileira, que poderia ser superada com a votação das reformas constitucionais em tramitação no Congresso Nacional e dos projetos de lei encaminhados pelo governo.

Arruda lembrou como a convergência política e a capacidade de superar diferenças levou à aprovação de reformas econômicas que trouxeram investimentos estrangeiros ao Brasil e diminuíram a fragilidade do país diante das crises internacionais. Ele também assinalou a atuação do senador Antonio Carlos Magalhães, então presidente do Senado, que em sua opinião, foi fundamental para a aprovação das reformas.

O senador Roberto Saturnino (PSB-RJ), em aparte, disse que a proposta de Arruda é a mesma do presidente argentino, Fernando De La Rua, "mas a diferença é que o De La Rua não vai conseguir porque lhe falta condição moral". Segundo Saturnino, o principal responsável pela atual crise da Argentina é o recém-nomeado ministro da Economia, Domingos Cavallo, que criou o plano de paridade dólar-peso no governo Menem. "Esse senhor Cavallo deveria estar preso", afirmou. Para o senador, o governo Fernando Henrique poderá alcançar a união pregada por Arruda se, como no passado, revir posições e atender aos reclamos da oposição de mudanças na diretriz econômica.

Já o senador Pedro Piva (PSDB-SP) alertou para a necessidade de o País antecipar-se às conseqüências da crise argentina. Ele acredita que a economia brasileira vai bem e que, "por isso mesmo, devemos pensar no país e no destino que precisamos alcançar". Piva também pregou que se deixe de lado as "divergências momentâneas". E o senador Lúdio Coelho (PSDB-MS) achou oportuna a convocação de uma união nacional "para enfrentar a tormenta".

O senador José Eduardo Dutra (PT-SE) também em aparte, afirmou que o Senado, além de se preocupar com a economia, deveria unir-se também para combater a impunidade. Dutra alertou para o sentimento da população em relação à política em geral. Segundo ele, o povo tem a noção de que na política "é tudo ladrão, é tudo safado, é tudo a mesma coisa". A seu ver, isso deveria unir a classe política e merecer uma reflexão.

Prosseguindo seu discurso, Arruda fez uma referência a declaração de um político do PT em São Paulo, de que a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara de Vereadores para investigar os contratos de terceirização da coleta de lixo na cidade, "seria politizar uma questão que já está sendo investigada nos foros próprios".

Em resposta, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que a Prefeitura de São Paulo difere do governo Fernando Henrique Cardoso, pois a Prefeitura está prestando todos os esclarecimentos para os vereadores e a prefeita Marta Suplicy já afirmou que não criará obstáculos para a criação de uma CPI sobre o lixo. Segundo ele, o líder do PSDB na Câmara de Vereadores paulistana considerou mais importante criar outra CPI para investigar irregularidades no Tribunal de Contas.

20/03/2001

Agência Senado


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