ARRUDA PROPÕE UNIÃO PELA PRESERVAÇÃO DO PROJETO ORIGINAL DE BRASÍLIA



O senador José Roberto Arruda (PSDB-DF) fez nesta segunda-feira (dia 6) um apelo para que todos os brasilienses se unam em torno da preservação do "único bem contemporâneo que é patrimônio cultural da humanidade" - a cidade de Brasília, construída com recursos de todos os brasileiros. Acima das divergências político-partidárias, no seu entendimento, é preciso deter, enquanto ainda há tempo para isso, o processo de deterioração da qualidade de vida urbana da capital, ameaçada por reiteradas agressões às regras de ocupação do solo e ao Código de Edificações. É preciso "uma freada de arrumação, um momento de reflexão coletiva", como propôs Oscar Niemeyer em carta publicada no jornal Correio Braziliense sob o título "Em defesa de Brasília", para a qual o senador solicitou transcrição integral nos anais do Senado.

- É preciso não ceder às pressões circunstanciais, muitas delas legítimas, e colocar a preservação de Brasília acima de tudo - insistiu.

Concordando com a carta do arquiteto, Arruda manifestou-se contra a ocupação dos espaços vazios previstos no projeto original, contra o parcelamento de qualquer área dentro do Distrito Federal - conforme projeto de sua autoria que tramita no Senado - e contra as sucessivas modificações às regras de ocupação do solo aprovadas pela Câmara Distrital.

Em contraponto, defendeu a construção do Centro Cultural de Brasília - a única obra prevista no projeto original que ainda não foi erguida - e a reestruturação da regional do Instituto do Patrimônio Histórico (IPHAN), órgão do Ministério da Cultura ao qual deve incumbir, a seu ver, a responsabilidade pela preservação de Brasília. Para concretizar a obra, Arruda propôs que a bancada do Distrito Federal inclua previsão de recursos para ela na lei orçamentária de 2001.

Para Arruda, ou se evitam o que ele chamou de "descuidos em relação às regras do Plano Diretor e do Código de Edificações" como o Pier 21 - construção à beira do lago Paranoá, sem estacionamento subterrâneo, que "ganharia qualquer concurso de obra mais feia do mundo" -, os prédios acima do padrão previsto, as coberturas e as ocupações irregulares, ou Brasília terá, em pouco menos de dez anos, o caos urbano que São Paulo e Rio de Janeiro conseguiram atingir em 50 anos.

Arruda também criticou o projeto de sistema viário previsto para a construção da terceira ponte sobre o Lago Paranoá: "É preciso que o sistema viário desvie o fluxo de trânsito para as asas Sul e Norte, sem que o acesso ao Plano Piloto seja direto através do Eixo Monumental".

Outro descuido, este com relação às necessidades das cidades do Entorno de Brasília, repetirá na capital "o fenômeno da Baixada Fluminense", alertou. Os equipamentos urbanos públicos devem ser descentralizados, expandindo benefícios, ao invés de serem concentrados no Plano Piloto, acrescentou.

- Os descuidos chegam ao ponto do descalabro - disse, relatando que o próprio presidente da República falou-lhe do espanto de ver uma invasão, próxima à Vila Planalto, em que o invasor está construindo uma piscina.

06/11/2000

Agência Senado


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