Arthur Virgílio cobra explicações do governo sobre cartas recebidas das Farc



O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse considerar inadmissível que o governo brasileiro tenha tratativas diplomáticas com as Forças Revolucionárias da Colômbia ( Farc ). Por essa razão, exigiu, nesta quinta-feira (5), que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva explique o que se passou exatamente quando do recebimento, em 2003, de três cartas assinadas pelo ex-líder daquela organização Raúl Reyes, morto em março último.

Segundo a revista Época, Reyes "tentou, oficialmente, estabelecer laços entre a guerrilha colombiana e o governo Lula". Na matéria, o jornalista Rodrigo Rangel afirma que as três cartas "foram levadas ao gabinete presidencial, no Planalto, por um parlamentar do PT".

Em seu pronunciamento, Arthur Virgílio disse que esse parlamentar foi o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e que a correspondência foi entregue ao então assessor especial de Lula, Frei Betto. Este teria entregado as cartas a Lula, mas, em declaração recente, o assessor para assuntos internacionais do presidente, Marco Aurélio Garcia, teria dito que Lula não recebeu o material.

- Frei Betto não mentiria. E como conheço o senador Suplicy, prefiro acreditar que o Marco Aurélio Garcia é quem está mentindo. Por isso, seria muito bom que o presidente falasse sobre isso com muita clareza - disse o líder do PSDB.

De acordo com Época, "num dos textos, Reyes manifesta expressamente o desejo das Farc de estabelecer 'relações político-diplomáticas' com o próprio Lula e com seu governo". E o "chefe guerrilheiro", também conforme a revista, pediu uma conversa com Lula para tratarem de "temas de benefício recíproco", entre os quais o comportamento das Farc na fronteira do Brasil com a Colômbia.

- Para mim, é alarmante: correspondência do guerrilheiro, a meu ver, terrorista e narcotraficante, Raúl Reyes para o senhor presidente da República. Esse é um fato demasiadamente delicado para ficarmos no diz-que-diz - cobrou Arthur Virgílio.

O senador pelo Amazonas disse ter sido assediado por um representante das Farc no Brasil, mas rechaçou a investida do emissário, com base no entendimento de que se tratava de um grupo criminoso que combatia um governo legítimo, com o qual o governo brasileiro mantém relações diplomáticas.

Cobrado igualmente a explicar o episódio, o senador Eduardo Suplicy confirmou ter entregado a Frei Betto cartas recebidas do então vereador pelo PT de Guarulhos, Edson Antônio Albertão, hoje no PSOL, interlocutor assumido das Farc. O conteúdo da correspondência seria uma saudação a Lula por sua vitória na campanha eleitoral e a proposta de "um diálogo, de alguma maneira, com o presidente Lula, com o seu governo".

- Nunca houve, da parte do presidente Lula, qualquer comunicação transmitida a mim ou a Frei Betto ou ao Albertão. Portanto, com as Farc, com respeito a esse assunto, não houve comunicação além dessa que está registrada unilateralmente - afirmou o senador por São Paulo.

Suplicy contou ter dito a Albertão que seria importante um entendimento entre as Farc e o governo do presidente colombiano Álvaro Uribe. Para o senador, em outras ocasiões esse diálogo foi tentado, por exemplo, com a mediação da União Européia.

O parlamentar petista lembrou as diversas manifestações do governo brasileiro, inclusive no Senado, no sentido de que qualquer assunto relativo às Farc só seria tratado com o governo da Colômbia.



05/06/2008

Agência Senado


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