Arthur Virgílio critica comando múltiplo da política externa brasileira



Ao ler várias manchetes e notícias de jornais brasileiros e estrangeiros, constatando o enfraquecimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na posição de líder regional, o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) disse que a política externa brasileira parece ter dois comandos: o oficial, a cargo do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e um informal, capitaneado por Marco Aurélio Garcia, assessor da Presidência para Assuntos Internacionais.

Para justificar sua opinião, Arthur Virgílio fez a leitura de matéria publicada nesta quinta-feira (11) pelo jornal Correio Braziliense, intitulada "Assessor de Lula critica Amorim". O texto informa que um dia depois do ministro das Relações Exteriores dizer que Morales é influenciado pelo governo venezuelano, Marco Aurélio Garcia classificou a observação como "insultante e racista".

- É inacreditável que um chanceler informal bata de frente e diminua a autoridade do ministro Celso Amorim para justificar a posição do estado boliviano. Com essa postura, Marco Aurélio Garcia quase cometeu um crime de lesa-pátria. Enquanto isso, a revista The Economist publicou que o presidente Lula foi humilhado pelo presidente Hugo Chávez, da Venezuela - afirmou Arthur Virgílio.

Na avaliação do senador pelo Amazonas, o presidente Hugo Chávez está criando um novo eixo de poder na América do Sul onde o Brasil passou a ter papel secundário na liderança da região. Virgílio observou que a postura submissa que o país vem mantendo na sua política internacional permitiu que Chavez substituísse Lula na liderança da região, ao lado do presidente da Argentina Néstor Kirchner.

Em aparte, o senador Heráclito Fortes (PFL-PI) propôs a convocação de Marco Aurélio Garcia para esclarecer, na Comissão de Relações Exteriores, as críticas que fez ao ministro Celso Amorim. Já o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) opinou que em toda a sua história o Brasil nunca foi tão humilhado e enganado ou manteve uma postura de subordinação perante outros países. Sérgio Guerra lamentou que "as trapalhadas" de Lula diminuam não apenas a estatura do presidente, mas a própria imagem do país.

Por sua vez, o senador Leonel Pavan (PSDB-PR) destacou que o presidente Lula foi desmentido publicamente pelo presidente boliviano Evo Morales, que chegou a acusar a Petrobrás de evasão fiscal e prática de contrabando sem que o governo brasileiro esboçasse qualquer reação. Em direção contrária, o senador Sibá Machado (PT-AC) avaliou que a nacionalização do gás pela Bolívia não deve preocupar ao Brasil, já que a única opção daquele país é vender o produto para os brasileiros.



11/05/2006

Agência Senado


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