Arthur Virgílio diz que o Brasil paga caro por erros na política externa



O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) afirmou nesta sexta-feira (11), em Plenário, que o Brasil está pagando caro pelos equívocos da política externa conduzida pelo governo, de orientação terceiro-mundista e marcada por preconceitos ideológicos. Graças aos erros dessas política, avaliou, a Petrobras está deixando de operar na Bolívia, sem mesmo garantir justa indenização pelos ativos petrolíferos que mantinha no país. Mais grave ainda, disse, é que essa política impediu o país de realizar parcerias estratégicas no cenário internacional e, por isso, vem perdendo grandes investimentos.

- Por esquerdismo ultrapassados, o governo praticou, ao longo dos últimos quatro anos e meio, uma política externa que eu dizia, desde o primeiro dia do meu mandato, que traria prejuízo econômico para o país - lembrou.

Arthur Virgílio atribuiu ao diplomata Marco Aurélio Garcia a inspiração da política adotada, em que o governo perseguiu, como observou, o "sonho tolo"de conseguir um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo ele, por "convicções ideológicas e crendices pseudo-acadêmicas" de Garcia - ex-secretário-geral do Itamaraty -, o país também abriu mão de relação privilegiada que poderia ter com os Estados Unidos, um contraponto de equilíbrio na América do Sul, a seu ver "tumultuada" por líderes populistas como Evo Morales, presidente da Bolívia, e Hugo Chaves, da Venezuela.

Para uma potência econômica média como o Brasil, sem pretensões a hegemonias militares no subcontinente latino-americano, de acordo com Virgílio, a grande bandeira do governo deveria ter sido liderar a luta pelo fortalecimento das relações multilaterais, centralizadas na ONU. Somente depois disso, afirmou, faria sentido lutar por um assento no Conselho de Segurança do organismo.

Esquecimento

Para conseguir apoio para integrar o Conselho de Segurança, o representante amazonense disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "desfilou com um ditador africano" - referindo-se ao presidente do Gabão, Omar Bongo, que governa o país há 37 anos - e assinou comunicado conjunto com o "sanguinário ditador" da Síria - citando o presidente daquele país, Muamar Kadafi -, em viagens pretensamente comerciais. Observou, no entanto, que Lula, na jornada pelo Oriente Médio, "se esqueceu" de visitar os dois principais países com os quais o Brasil poderia efetivamente fazer negócios: a Arábia Saudita, pelo lado árabe, e Israel, pelo lado judeu.

- Na verdade, ele mascarava de viagem comercial o que, na verdade, era viagem meramente política, de cabala de votos, para o Brasil chegar ao Conselho de Segurança da ONU.

Arthur Virgílio observou que, em quatro anos e meio, o Brasil não assinou um só acordo bilateral convincente, enquanto o México assinou mais de 100 no período. Nessa mesma etapa, disse que os Estados Unidos já firmaram acordo bilateral com o Chile e, a qualquer momento, o mesmo acontecerá com o Uruguai, em movimentação que fortalece a o projeto da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), que contou com a oposição do governo brasileiro.

- Eu vejo nascer nas costas do Brasil uma Alca sem o Brasil, que só teria a ganhar se firmasse parceria com parceiros tão relevantes, como o Canadá e, mais do que isso, com os Estados Unidos.

Em relação à Bolívia, o senador afirmou que o governo brasileiro tem de defender o interesse do povo e do país "de maneira fria, calculada, determinada, sob pena de causar terríveis danos econômicos para as gerações que virão".



11/05/2007

Agência Senado


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