Arthur Virgílio diz que 'grampo' é mais grave que 'mensalão' e sugere que Lula dê explicações ao Congresso
O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), líder do PSDB, sustentou em discurso que o episódio da escuta telefônica ilegal de conversas do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e de senadores "é mais grave que o 'mensalão'" porque "fere o cerne da democracia". Ele também criticou a "reação branda" do Congresso às denúncias.
Para Arthur Virgílio, o presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho, errou ao determinar uma "varredura" no sistema telefônico do Senado. Disse que a "crise é do Executivo" e a atitude de Garibaldi, "até ingênua, tirou mais uma vez a responsabilidade do Palácio do Planalto".
Arthur Virgílio opinou que o episódio "fere violentamente" a democracia e considerou que até o telefone do próprio presidente da República foi grampeado. "Se grampearam o telefone do seu secretário particular, Gilberto Carvalho, grampearam o presidente. Quem espiona o secretário do presidente, está espionando o presidente. É ele quem transmite as ordens do presidente", disse.
Arthur Virgílio sugeriu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, "que chegou a ser preso" em sua luta por democracia e pelos direitos dos trabalhadores, dê "uma demonstração inequívoca" de que tem apreço pelo sistema democrático comparecendo ao Congresso para explicações.
- Não sugiro nada espetaculoso. Garanto que o presidente será tratado com o maior respeito. Não será interrompido. Será ouvido em silêncio. Ele precisa dar uma demonstração de que não concorda com um sistema policialesco que grampeia telefones do presidente do STF e de parlamentares - afirmou.
O líder do PSDB acredita que há "uma certa deterioração" de todas as instituições desde que Lula chegou ao governo. Para ele, "a Polícia Federal se partidarizou", enquanto a Agência Brasileira de Informações (Abin), "que legalmente não pode fazer escuta telefônica", é apontada como responsável por escutas. Lembrou que o ministro da Defesa, Nelson Jobim, informou ao governo, conforme notícia de jornal, que a Abin comprou um aparelho "guardião", destinado a fazer escutas telefônicas.
- Isso é uma agressão ao estado de direito. É uma agressão à ordem legal, democrática, construída a tanto custo por tantos de nós neste país. Lamento a pequena mobilização do Congresso, quase como se esta Casa não estivesse disposta a se defender - disse o senador.
Arthur Virgílio criticou a decisão do governo de deixar por conta da Polícia Federal uma investigação sobre as escutas telefônicas ilegais e sugeriu que o Ministério Público Federal assuma esse trabalho. Para ele, a Polícia Federal "não tem isenção" para isso. Disse ainda que o Senado "pode criar uma CPI" para investigar o episódio das escutas ilegais, apesar de mostrar-se descrente quanto ao seu funcionamento, pois o governo tem maioria dentro do Senado, impondo o que poderia ou não ser investigado.
Virgílio foi apoiado, em apartes, pelos senadores Papaléo Paes (PSDB-AP) e Sérgio Guerra (PSDB-PE), este presidente nacional do PSDB.
03/09/2008
Agência Senado
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