Arthur Virgilio: informação de que dados sobre gastos de FHC saíram da Casa Civil fortalece criação de CPI
A informação da Folha de S.Paulo de que o dossiê que levanta os gastos do governo Fernando Henrique Cardoso foi um arquivo extraído dos computadores da Casa Civil da Presidência da República pressiona a instalação, pelo Senado, de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) exclusiva para investigar essa denúncia. A afirmação é do líder do PSDB, Arthur Virgilio (AM), que anunciou na sexta-feira (4) a instauração de inquérito contra Dilma Rousseff por crime de responsabilidade, pelo fato de a ministra-chefe da Casa Civil não ter até hoje enviado informações a ela requeridas pelo Senado sobre gastos com cartões corporativos.
- Não tenho dúvida de que a ministra foi iludida por pessoas que disseram que entendiam de política. E ela, sem entender de política, pensou que podia se livrar disso na base da esperteza. Mas não tem jeito. Ela tem que prestar contas. Chega um momento em que fica irrefreável, insustentável. A tentativa de incriminar Alvaro Dias [que teria visto o dossiê antes de ele ser publicado na imprensa] durou vinte e quatro horas. Quem é que está preocupado com Alvaro Dias hoje? Eles estão agora preocupados com dois fatos - a malversação de dinheiro público, pois não querem que isso venha à tona; e a tentativa de esconder a malversação que podem ter praticado. Por isso, forjaram um dossiê. Mas acabou - declarou o senador.
De acordo com Arthur Virgilio, a ministra tem que responder por isso, não apenas diante de uma CPI, mas também diante da Justiça. Por isso, ele anunciou que vai instaurar nesta semana contra ela, junto ao Ministério Público, uma ação acusando-a de crime de responsabilidade.
- Porque a ministra Dilma, em resposta a um dos requerimentos meus, dos quarenta e cinco que fiz insistindo nessa história de abertura de gastos, de suprimentos para cartões corporativos, me respondeu dizendo que estava coletando uns dados e que me mandaria esses dados. Ela diz que os coletou, mas não os mandou. Logo, ela desrespeitou a decisão aprovada pela Mesa do Senado, desrespeitou um senador e isso não tem outro sinônimo. O único sinônimo possível para isso é crime de responsabilidade.
Em entrevista concedida à porta do seu gabinete, o líder tucano disse ainda que ninguém, no Palácio do Planalto, jamais suspeitou do senador Alvaro Dias (PSDB-PR) como fonte desse dossiê.
- Eles fingiram que suspeitavam de Alvaro Dias para proteger a ministra Dilma e desviar o foco daquilo que a gente quer, que é saber em que o gabinete do presidente Lula gastou aquela dinheirama do cartão corporativo. Basicamente é isso. Não vamos ficar fugindo da verdade, nem trabalhando com meias palavras - acrescentou.
De acordo com Arthur Virgilio, não passa desta semana a instalação de nova CPI para esse caso. Ele disse que, junto com o líder do DEM, senador José Agripino (RN), cobrou de forma muito clara uma decisão do presidente do Senado, Garibaldi Alves, com relação a isso.
- Ninguém vai questionar mais nada sobre a instalação dessa CPI. Ninguém vai nos pedir mais nada sobre isso. O requerimento vai ser lido e eu tenho que acreditar na palavra do meu presidente aqui na Casa. Eu não tenho razão para duvidar dela e nem ele para duvidar da minha disposição de ir até o final. Então, terça-feira, esse requerimento será lido e, no mesmo dia, daremos os nomes do partido. E acredito que os demais partidos darão também seus nomes.
Por toda a entrevista, Arthur Virgilio sustentou o entendimento de que Dilma Rousseff sabia do dossiê e sabia que o dossiê havia sido feito na Casa Civil. Ele também afirmou que o erro da ministra foi não perceber que, na vida pública, não dá mais para esconder nada da mídia.
- Se o dossiê saiu de lá com fins de prejudicar a ministra, pode ser. Não estou dizendo que não seja isso. Mas que ela montou [o dossiê] para se preparar para o momento em que, ao alvitre do governo, haveria a intimidação da oposição, ela montou, disso não tenho dúvida nenhuma. Digo isso sem medo de estar sendo injusto. Ela se auto-encurralou. Ela começou a fugir de algo que é essencial de ser observado na democracia, a verdade. Ela não percebeu que, na sociedade midiática em que vivemos, uma sociedade que não permite segredo, quem quer segredo, que saia da vida pública - concluiu.
04/04/2008
Agência Senado
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