Arthur Virgílio: "Que não acusem o PSDB de não querer negociar"



O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), disse nesta terça-feira (6) que embora o seu partido não tenha aceitado a proposta do governo para apoiar a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), valeu a pena negociar.

- Que não acusem o PSDB de não querer negociar. Fomos com muita humildade por três vezes ao Ministério da Fazenda, sob críticas - disse o senador, lembrando que alguns jornais, no editorial cobravam a negociação por parte do PSDB e nas páginas internas criticavam o partido por estar negociando.

Arthur Virgílio disse que a proposta oferecida pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega - de isentar do pagamento do tributo quem ganha até R$ 4.340 mensais -, não atendeu às expectativas do partido e não traz benefício real ao contribuinte e ao setor produtivo. O senador afirmou que a proposta apresentada pelo PSDB previa mais recursos para a saúde, enquanto a oferta do governo foi uma "tentativa meio medíocre, meio canhestra" de tentar a aprovação da CPMF.

- E isso não poderíamos aceitar. Nada que parecesse com chantagem seria aceitável - disse o senador.

Arthur Virgílio explicou que o partido propôs o enquadramento da União na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e que o governo aceitou. Outra proposta do PSDB foi um redutor nos gastos públicos de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) para impedir em lei a "gastança desenfreada que o governo vem fazendo".

- Propusemos desonerações de impostos, não chegando ainda na CPMF, e o governo nos respondeu com insuficiências. Em outras palavras, o governo não meteu a mão no bolso do governo. Ele prefere continuar metendo a mão no bolso do contribuinte - disse.

Arthur Virgílio disse ainda que foi cobrada a redução progressiva da alíquota da CPMF, mas que o governo se fixou na proposta de desoneração por meio do aumento da faixa de isenção das pessoas físicas. Para senador, isso não resolvia a questão porque a CPMF continuaria onerando o processo produtivo.

O parlamentar salientou que o seu partido também não abre mão de uma reforma tributária real, mas disse compreender a posição do governo quando alega que não há tempo até o final do ano para fazer uma reforma tributária.

- Eu compreendo isto, mas o governo nos coloca na obrigação de confiarmos nele. Temos que confiar que o governo, com os bolsos cheios do dinheiro da CPMF, prorrogada por três anos, vá fazer uma reforma tributária. Eu teria que ter uma credulidade - e o meu partido também - maior do que a da velhinha de Taubaté para acreditar que isto possa ser algo verdadeiro - disse.

Arthur Virgílio acrescentou que também causou "um profundo mal-estar" na bancada do PSDB a discussão sobre a possibilidade de um terceiro mandato para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O senador disse que viu manifestações incisivas do presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini, observando que esperava algo igualmente incisivo do presidente Lula.

- Ele não tem falado como o líder civilista que eu queria ver nele, dizendo algo bem simples: 'No dia 1º de janeiro, passo a faixa para o presidente eleito no meu lugar, pertença a que partido pertencer, em nome da democracia brasileira'. Não ouvi nada incisivo como isso - disse.



06/11/2007

Agência Senado


Artigos Relacionados


Arthur Virgílio: "Que não acusem o PSDB de não querer negociar"

Arthur Virgílio diz que se governo não negociar, PSDB votará contra CPMF

Arthur Virgílio: "Chegou a hora de administrar a crise e estamos dispostos a negociar"

Arthur Virgílio é reconduzido à liderança do PSDB

Arthur Virgílio lê nota de apoio do PSDB a Jereissati

Arthur Virgílio diz que PSDB está aberto ao entendimento