Arthur Virgílio sugere ao governo instalar gabinete de crise



"É hora de um comitê de crise, de um gabinete de crise que envolva as lideranças responsáveis deste país sem olhar a que partido pertencem". Essa foi a proposta apresentada ao governo pelo senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), da tribuna do Plenário. Porém, para que seu partido participe do diálogo, é necessário, antes, que o presidente da República admita o caráter drástico da crise e que ela não será resolvida no próximo semestre ou no próximo ano.

Na avaliação do senador pelo Amazonas, a crise ainda perdurará durante os meses finais do governo Luiz Inácio Lula da Silva e entrará, embora não na mesma intensidade, pelos primeiros dois anos do sucessor do atual presidente. Arthur Virgílio observou que é preciso admitir a crise, e que ela é grave. Ele comparou com a situação de um doente que, para encontrar um "remédio" capaz de enfrentar seu problema, tem primeiro que reconhecer que a doença existe.

- Cobro do presidente da República, do nosso presidente, do meu presidente, do presidente que foi eleito, contra o meu voto, mas foi eleito por uma maioria esmagadora dos brasileiros: presidente, lidere a Nação, assuma a crise e ajude a Nação a enfrentar essa crise, em primeiro lugar, diagnosticando com correção e apontando os remédios corretos. Se o diálogo se der nesse nível, o meu partido, o PSDB, está às ordens para o diálogo - afirmou Arthur Virgílio.

De acordo com o diagnóstico traçado por Arthur Virgílio, três razões fizeram com que o Brasil sentisse severamente os efeitos da crise econômica mundial. A primeira, alheia ao governo federal, foi o fato de os países importadores dos nossos produtos estarem em retração, como é o caso da China, e outros em recessão, como os Estados Unidos. O mundo passou a comprar menos.

As outras duas razões para a crise, para Arthur Virgílio, são, sim, culpa do governo brasileiro: a queda nos investimentos e a diminuição no consumo das famílias. O senador explicou os gastos correntes elevados do governo foram a causa.

- O governo gastou demais na hora da bonança, fez o papel da cigarra, não o da formiga: agora muita gente poderá ficar sem teto no país, exatamente como na fábula - disse.

Arthur Virgílio concorda que o Brasil está mais forte para enfrentar a crise. Porém ele não credita ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) essa fortaleza, mas, sim, a dois instrumentos deixados pelo governo anterior: a Lei de Responsabilidade Fiscal e o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer).



10/03/2009

Agência Senado


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