Artistas defendem limite de meia-entrada e estudantes condenam a proposta



Atores, cantores e produtores culturais comemoram a aprovação, na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE), da proposta que limita a venda de meia-entrada a 40% dos ingressos de cinemas, teatros, circo e demais espetáculos culturais, bem como de eventos esportivos. Para eles, a medida resultará na redução do preço dos ingressos. Já os estudantes, liderados pela União Nacional de Estudantes (UNE), discordam da medida e prometem continuar a campanha contra a cota, prevista em projeto de lei que tramita no Senado.

Para o ator e produtor Odilon Wagner, presidente da Associação dos Produtores Teatrais Independentes de São Paulo, a obrigação de oferta ilimitada de meia-entrada, praticada atualmente, é uma arbitrariedade que compromete a viabilidade do setor.

- Nenhum outro setor é obrigado a conceder o beneficio da meia-entrada sem o ressarcimento do Estado. O governo deve investir em políticas públicas e dar acessibilidade a estudantes e idosos, só que não pode obrigar a atividade privada a bancar isso - afirmou.

Ao informar que o setor cultural emprega mais que a indústria automobilística, Wagner frisou que espetáculos artísticos são atividades econômicas.

Para o ator, a ampliação do acesso dos brasileiros a eventos culturais só será possível com a redução dos preços dos ingressos. O alto preço de ingressos, disse, se deve à obrigação de venda ilimitada de meias-entradas e à grande parcela do público que se vale de carteiras de estudante falsificadas para ter acesso ao benefício.

Odilon Wagner disse acreditar que, com a cota, os preços devem ser reduzidos em até 30%. De acordo com o ator, os preços mais baixos em cinema, por exemplo, são praticados nas cidades que já adotaram a cota à meia-entrada, como Porto Alegre e Belo Horizonte. Opinião semelhante foi defendida por Alessandro Queiroga, conselheiro da Associação Brasileira de Promotores de Eventos. Para ele, os produtores, sabendo que devem destinar 40% dos ingressos de um espetáculo para a meia-entrada, poderão organizar melhor suas planilhas e definir preços mais justos.

Já a diretora de Relações Institucionais da União Nacional dos Estudantes (UNE), Márvia Scardua, considera que a cota limita um direito conquistado pelos estudantes desde a década de 1940. Conforme observou, a redução de venda de meia-entrada ocorrerá com o combate à falsificação de carteiras estudantis.

Márvia Scardua apontou como avanços no substitutivo apresentado por Marisa Serrano (PSDB-MS) ao PLS 188/07a padronização nacional da carteira estudantil, prevista no texto, e a decisão de atribuir às organizações dos estudantes a responsabilidade pela emissão do documento.

- Isso vai impedir as falsificações e a prática de entidades cartoriais, que só querem ganhar dinheiro com a emissão de carteiras. A medida vai garantir que só os estudantes tenham direito à identificação estudantil - frisou, ao afirmar que atualmente é possível a qualquer pessoa comprar um documento de identificação estudantil, que dá direito à compra de meia-entrada.



09/12/2008

Agência Senado


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