ARTUR DA TÁVOLA ANALISA VIOLÊNCIA E CRISE DE VALORES
O senador Artur da Távola (PSDB-RJ) afirmou hoje que a primeira página do jornal Correio Braziliense de hoje (dia 6), que contém os nomes de todas as pessoas assassinadas este ano no Distrito Federal, poderia estar em qualquer jornal de qualquer grande cidade, poderia ter sido feita com os nomes das pessoas que morreram em acidentes de trânsito durante o carnaval ou estar presente em qualquer jornal ou telejornal brasileiro, porque a média de homicídios anual no país é de 47 mil.
- Os dados que estão nessa manchete não são dados que honram o momento brasileiro e os valores civilizatórios e educativos sobre os quais a nossa sociedade está fundada - disse.
Para Artur da Távola, a classe política erra muito quando utiliza esse tipo de matéria como bandeira da oposição ou do governo. Essa atitude, na avaliação do senador, é superficial, não vai ao fundo da questão.
- Falo profundamente tocado por tudo isso, em que pese não poder vir a esta tribuna, como seria glorioso e altissonante, com soluções. Tenho a impressão mais aguda de que estamos a viver, no Brasil e no mundo, uma grave crise de valores civilizatórios - assinalou.
Depois de questionar "quais são os valores em torno dos quais as sociedades se organizam?", Artur da Távola lembrou que foi, durante muitos anos, adepto das idéias socialistas e assim continua, embora tenha mudado o enfoque porque compreendeu "que as formas de socialismo preservadas e mantidas pelo Estado, como sonhei, uma entidade independente, capaz de repartir a justiça com maior equilíbrio, engendraram Estados totalitários".
- E a lista da violência dos Estados totalitários é enorme. Mao Tsé-tung, um dos heróis da minha juventude, hoje se sabe, matou milhões de chineses. As tolices que Mao Tsé-tung fez no governo geraram fomes cíclicas, que provocaram milhões de mortes - observou o senador.
Artur da Távola ressalvou queo capitalismo também mata e matou muita gente, fez uma guerra estúpida no Vietnã e gerou a violência que ainda hoje medra no mundo.
- As sociedades mercantis que o capitalismo gerou são eficazes, são sociedade de trabalho, construtivas, criativas, porém são sociedades perversas. São implacáveis com quem não admite ou aceita o sistema. São implacáveis com os adversários e, sobretudo, são implacáveis com os fracos, aqueles que, por razões de natureza interna psicológica, ficam à margem da sociedade e não se constituem com as energias e as voracidades necessárias a uma existência competitiva - destacou o senador.
Em apartes, a senadora Marina Silva (PT-AC) agradeceu a forma isenta com que o senador estava examinando a questão da violência no Distrito Federal e elogiou a competência do governador Cristovam Buarque, enquanto o senador Leonel Paiva (PFL-DF) culpou o PT e o governador pela falta de segurança no DF.Artur da Távola considerou injustas as críticas a Cristovam Buarque, "homem de formação humanistae de grande valor".
06/03/1998
Agência Senado
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