ARTUR DA TÁVOLA DISCUTE PAPEL DO PT COMO ESQUERDA
Observando que, num mundo globalizado, a esquerda vive dilema de difícil elucidação, o senador Artur da Távola (sem partido-RJ) analisou nesta quarta-feira (dia 09) o papel desempenhado pelo Partido dos Trabalhadores nos 20 anos de sua criação. O senador avaliou como extremamente positiva a capacidade de luta e a coragem que tem o partido para enfrentar o sistema, mas questionou se a aglutinação de massas ainda é a melhor forma de agir num mundo dominado pela comunicação eletrônica.Artur da Távola também elogiou a democracia interna do partido, assim como a opção preferencial pelos pobres que, em sua opinião, "marca com clareza o timbre de uma decisão ideológica". Conforme o senador, não há dúvida da sinceridade do PT em sua opção pelos pobres, mas é farisaísmo achar que a agremiação tem uma superioridade inata sobre as demais. Em sua análise, o senador disse que a grande questão para o PT no momento é saber até que ponto, num mundo globalizado, o grande conflito está entre o capital e o trabalho. Em sua opinião, se esse conflito ainda é atual, o PT está sozinho com a razão. Mas, se a natureza desse conflito mudou e é possível a existência de uma colaboração entre o capital e o trabalho, o PT terá que rever suas posições. Lembrando que o Brasil vive uma democracia representativa, o senador observou que nem todos os segmentos do PT acreditam nisso. "Para grande parte do partido, os institutos da democracia direta promovem muito mais a transformação social que esse velho mecanismo da democracia representativa", disse ele. O senador também disse que a melhor forma de elogiar o PT, na celebração dos seus 20 anos, é discutir com franqueza o seu papel, discordando e concordando com seus feitos. "Tenho certeza de que a vida brasileira não seria igual se não tivesse um partido como o PT. Sem ele, sem dúvida, um pedaço do pensamento de esquerda ficaria sem uma representação tão eloqüente", sintetizou.
09/02/2000
Agência Senado
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