ARTUR DA TÁVOLA LAMENTA MORTE DO AMIGO DIAS GOMES
A morte do dramaturgo Dias Gomes aos 77 anos, ocorrida na madrugada desta terça-feira (dia 18), em acidente de trânsito na cidade de São Paulo, foi lamentada pelo senador Artur da Távola (PSDB-RJ), como parlamentar, brasileiro e amigo. O senador fez uma análise da carreira de Dias Gomes e destacou o engajamento político-ideológico de sua obra e sua capacidade permanente de luta. "Ele pertenceu à geração do pós-guerra, que tinha no engajamento da obra a razão de ser da mesma", observou Távola.O senador lembrou a vasta obra de Dias Gomes no teatro, no rádio, na literatura e na TV, onde consagrou-se como autor com a telenovela O Bem Amado e os personagens caricatos que habitavam a cidade de Sucupira. "Dias Gomes tinha a capacidade de situar suas obras num micro sistema que reproduzia um macro sistema. O Bem Amado é a síntese de sua obra, utilizando o humor, a sátira e os conflitos. Ele tinha a luta de classes no centro de suas preocupações", explicou o senador.Em aparte, o senador Roberto Freire (PPS-PE) lamentou a "perda pessoal" e lembrou que teve a participação de Dias Gomes em sua campanha à Presidência da República. O senador Jefferson Péres (PDT-AM) disse que Dias Gomes foi um crítico dos costumes sociais e que, pela manhã, havia assistido uma fita de vídeo na CPI do Judiciário que lhe lembrou cenas de Sucupira. "A dramaturgia brasileira sofreu uma perda enorme", concluiu Jefferson.Artur da Távola revelou que Dias Gomes teve a idéia de escrever O Bem Amado em oposição ao então governador do Rio de Janeiro, Carlos Lacerda, que pretendia fazer um cemitério vertical, projeto logo abandonado. O senador lembrou também de palavras utilizadas pelo principal personagem de O Bem Amado, o prefeito Odorico Paraguaçú, como badernistas (baderneiros, alusão à oposição), ladroísmo (ladroagem, roubalheira), calunista (caluniador), trintaoitice (ameaça com revólver calibre 38), cachacista (cachaceiro, bêbado), desmiolamento e supositórios (suposições).Em O Bem Amado, disse Távola, Dias Gomes criticava a centralização ditatorial da época, com uma oposição caricata que sempre era esmagada por um prefeito que se perpetuava no poder e só se preocupava com a inauguração do cemitério e com a diversão sexual que mantinha com as irmãs Cajazeiras. Távola acrescentou que O Bem Amado coincidiu com um momento importante da televisão brasileira, em que os avanços tecnológicos permitiram sair dos estúdios e mostrar o Brasil.O senador explicou, ainda, que depois que o modelo de telenovela se consolidou, a obra autoral morreu porque as televisões passaram a seguir as pesquisas de opinião para direcionar a trama das telenovelas.
18/05/1999
Agência Senado
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