Assembléia debate açúcar na erva-mate em Venâncio Aires
Mais de mil pessoas, entre prefeitos, vereadores, empresários e, principalmente, produtores de erva-mate do Estado lotaram na manhã de hoje o principal pavilhão do Parque Municipal do Chimarrão(Fenachim), em Venâncio Aires, durante o 1º seminário estadual sobre a Erva-Mate. O encontro discutiu o projeto de lei do deputado Osmar Severo, do PTB, que proíbe a comercialização de erva-mate com adição de açúcar. A idéia da reunião na terra do chimarrão foi do deputado Elmar Schneider, do PMDB, preocupado com o debate em torno do tema.
“Fizemos o convite ao deputado Severo para que discutisse a questão diretamente com os ervateiros. De forma democrática, e mostrando grandeza política, o deputado Severo permitiu que sua proposta fosse discutida abertamente, o que foi extremamente positivo”, disse Schneider. Também participaram os deputados Alexandre Postal(PMDB) e Iradir Pietroski(PTB).
Por mais de quatro horas, representantes de entidades ligadas ao segmento discutiram acaloradamente o tema, enquanto a platéia mostrava cartazes contra e a favor da adição de açúcar na erva-mate. Mais de 40 municípios estiveram representados. Onze ônibus transportaram produtores das regiões de Passo Fundo e Erechim.
As professoras Isa Beatriz Noll, do Instituto de Ciência e Tecnologia em Alimentos da Ufrgs, e Marta Weber do Canto, do Departamento de Tecnologia e Ciências dos Alimentos da UFSM, apresentaram números e dados resultantes de pesquisas quanto à adição de açúcar na erva. Enquanto a professora Isa se disse favorável à erva-mate pura, para que não haja o mascaramento do produto original, a Illex paraguariensis, a docente da UFSM lembrou que muitos outros itens consumidos, como a própria salada de cebola, tem elevado índice de sacarose, sem prejuízo ao organismo.
O presidente da Arim, Associação rio-grandense das Indústrias de Erva-Mate, Sandro Paganela, se disse favorável à erva com e sem açúcar e composta. “É um direito do consumidor escolher”, observando que laudos técnicos comprovam não ser prejudicial a adição de açúcar no mate. Acrescentou que 35% dos jovens preferem o mate com açúcar. Para ele, é preciso parar com a briga entre os pró e os contra o açúcar, encontrando uma alternativa comum. Já Sérgio Daláqua, do Sindicato da Indústria do Mate, disse que o deputado Severo foi sensível ao apresentar seu projeto, pois indústrias do Paraná e Santa Catarina já fizeram o mesmo.
“Precisamos preservar nosso produto puro e natural”, frisou. Apresentou uma série de relatos de renomados pesquisadores contrários à adição do açúcar na erva-mate, “pois isso esconde outros produtos ali incorporados”. Lembrou que a própria Fetag é contrária a esta adição. “Por uma questão mercadológica”, acrescentou Elizário Toledo, quem falou em nome da Federação dos Trabalhadores na Agricultura. Igualmente se manifestaram Dorli Mário Dacrose, do Centro de Pesquisas para Pequenos Produtores e Coordenador da Câmara Setorial da Erva-Mate de Santa Catarina; Lademiro Dors, em nome da Famurs e Carlos Noskowsky, professor da UFP.
Ao final, os deputados voltaram a se manifestar. Alexandre Postal defendeu a adição de açúcar com regras específicas de rotulagem. Iradir Pietroski lembrou que o tema mexe com um dos maiores símbolos culturais do Rio Grande e sugeriu o aprimoramento do projeto. Osmar Severo disse que nunca temeu discutir democraticamente as idéias que defende e enfatizou que o seminário foi fundamental para que a idéia seja maturada.
De sua parte, no encerramento, Elmar Schneider, coordenador da reunião, disse ser importante que a questão prossiga sendo discutida, por sua importância social, ressaltando que o Legislativo deve incentivar as pesquisas, ouvindo e até contratando técnicos se for o caso, “para esclarecer a comunidade. A Assembléia deve utilizar, também, suas comissões permanentes da Agricultura e Saúde, para dar continuidade ao debate em torno do tema”.
11/01/2000
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