Assentados comercializam 11 toneladas de produtos orgânicos em evento



Pelo menos 11 toneladas de hortaliças, frutas e raízes foram comercializadas por assentados da reforma agrária, na Paraíba, em feira agroecológica. O evento fez parte da programação da segunda edição da comemoração do Dia Estadual de Combate ao Uso de Agrotóxicos no Estado, e foi realizado na quarta-feira (19), na praça de eventos Ponto de Cem Réis, no Centro de João Pessoa (PB).

Além da feira agroecológica – onde cerca de 60 agricultores de 21 assentamentos da reforma agrária e de dois acampamentos na Paraíba comercializaram 120 itens diferentes – haviam ainda estandes expositivos de entidades parceiras com a realização de duas minioficinas pelas prestadoras de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) em assentamentos do Incra na Paraíba.

A Consultoria e Planejamento de Projetos Agropecuários (Consplan) mostrou a produção de defensivos alternativos e a Assessoria de Grupo Multidisciplinar em Tecnologia e Extensão (Agemte) as tecnologias sociais que vêm sendo implantadas nos assentamentos paraibanos, como o fogão e o desidratador de frutas que aproveitam a luz do sol, uma horta suspensa em garrafas PET e uma geladeira artesanal de cerâmica.

As cunhadas Maria da Glória Paulino, 53 anos, e Cícera Rufino da Silva, 37 anos – do assentamento Vida Nova, no município de Cruz do Espírito Santo, na Região Metropolitana de João Pessoa – responsáveis por uma das barracas da "Praça de Comida Regional da Reforma Agrária" montada no evento, ofereceram tapiocas feitas na hora, bolos, pudim e café. "As feiras complementam a renda da família e fazem sucesso porque os clientes veem a qualidade dos produtos", afirmou Maria Paulino, acrescentando que a família também produz feijão, macaxeira, milho e batata-doce. "Depois que conseguimos nossa terra, há 16 anos, a vida mudou. Agora somos livres, não dependemos de usineiros e podemos vender onde queremos", disse Cícera Silva.

"Os produtos são muito bons e, por isso já sou cliente das feiras agroecológicas", afirmou a dona de casa Edna de Fátima Barbosa, 55 anos, que levou para casa banana, laranja, maracujá, manga, coco verde, tomate cereja, maxixe, couve, coentro, massa de mandioca e até uma galinha de capoeira.

Para Tânia Maria de Sousa, da coordenação da Comissão Pastoral da Terra (CPT) na Paraíba, as feiras agroecológicas mostram à sociedade que a reforma agrária é possível. "As feiras oferecem produtos de qualidade, sem agrotóxicos, e a preços justos", disse.

Produtos orgânicos

"Com as feiras agroecológicas mostramos que existem outras formas de proteger a lavoura e que os defensivos naturais são tão eficazes quanto os agrotóxicos", afirmou Edivaldo Xavier, técnico agrícola da CPT. Segundo ele, as lavouras de tomate, pimentão e alface cultivadas da forma convencional estão entre as mais contaminadas por agrotóxicos.

Castanha de caju com álcool, manipueira, melão São Caetano, urtiga branca, cebolinha verde e Nim (Azadirachta indica) – que, segundo a Embrapa, é uma árvore de múltiplo uso pertencente à família das meliáceas com origem provável na Índia e em Mianmar. Estes são alguns dos elementos que o agricultor Joselito Severino dos Santos, do acampamento Ponta de Gramame, na zona rural de João Pessoa, utiliza como defensivos naturais. "É muito importante levarmos às pessoas o conhecimento sobre o que o uso de agrotóxicos causa à saúde", afirmou o agricultor, que levou para a feira feijão verde, maracujá, macaxeira, batata doce e coco verde. Ele também comercializa a produção nas feiras agroecológicas realizadas às sextas-feiras no Campus da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em João Pessoa, e na Feira Agroecológica da Reforma Agrária, realizada na primeira terça-feira de cada mês, também no Ponto de Cem Réis.

Parcerias

A feira agroecológica foi promovida pelo Incra/PB, pela CPT e pelo Instituto de Assessoria à Cidadania e ao Desenvolvimento Local Sustentável (IDS), com apoio das entidades prestadoras de ATER em assentamentos paraibanos.

As comemorações também contaram com o apoio da Prefeitura de João Pessoa, por meio do Centro de Comercialização da Agricultura Familiar (Cecaf), do governo do estado, da UFPB, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), do Pólo Sindical da Borborema, da Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA), do Fórum Estadual da Economia Solidária (FEES) e de outros órgãos públicos municipais, estaduais e federais, a exemplo do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), da Conab, da Emater e do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest).

O Dia Estadual de Combate ao uso de Agrotóxicos foi criado pela Lei estadual 9.781/2012, de 8 de junho de 2012, de autoria do deputado estadual Frei Anastácio.

Fonte:
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária



21/03/2014 18:00


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