ASSESSOR DO BC DIZ QUE LOPES REUNIU-SE COM EX-DIRETORES PARA "UMA MEMÓRIA"



Num depoimento de três horas à CPI do sistema financeiro, no início da noite desta quinta-feira, o secretário-executivo do Comitê de Política Monetária do Banco Central, Alexandre Pundek Rocha, informou que Francisco Lopes, ex-presidente do BC, reuniu-se com ex-diretores da instituição para "uma memória" sobre os fatos que culminaram com a venda de dólares a preços favorecidos aos bancos Marka e FonteCindam, durante a mudança cambial, em janeiro último. A reunião ocorreu no último dia 12, na delegacia do Banco Central em São Paulo, quase dois meses depois que Francisco Lopes foi exonerado do Banco Central e às vésperas de seu depoimento à Polícia Federal e à comissão de sindicância do BC. Pundek. A venda de dólares a preços favorecidos é um dos fatos que originaram a criação da CPIDurante o depoimento, a senadora Emília Fernandes (PDT-RS) perguntou por um fax encontrado pela polícia federal na residência de Francisco Lopes, datado do último dia 12, remetido pelo chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, ao assessor Alexandre Pundek. "Por que o fax, dirigido ao senhor, acabou indo parar na casa de Francisco Lopes, já tinha deixado o Banco Central?" A princípio, Pundek disse que desconhecia o fax, mas quando a senadora se referiu ao conteúdo ele se lembrou: estava no delegacia do Banco Central em São Paulo quando pediu o documento, acrescentando que os seus números foram usados durante a reunião de Chico Lopes com outros ex-diretores do BC.Alexandre Pundek afirmou aos senadores que assessores jurídicos do Banco Central não viram qualquer irregularidade na venda de dólares aos Bancos Marka e FonteCidam a preços abaixo da cotação do dia 14 de janeiro último.Pundek insistiu várias vezes que não teve qualquer participação na operação de venda dos dólares e só recebeu o ex-dono do Marka, Salvatore Cacciola, no dia 13 de janeiro, a pedido do então presidente do BC, Francisco Lopes. Ele confirmou que Cacciola lhe entregou um bilhete destinado a Lopes, no qual o empresário pede para ser recebido e diz que, caso o Banco Central resolvesse a situação do Marka, ele esqueceria "o passado".O assessor do BC informou que Cacciola acabou sendo recebido por Teresa Cristina Grossi, funcionária da diretoria de Fiscalização do Banco Central. Depois da conversa, acrescentou, fiscais do BC foram acionados, no Rio, para ir à sede do Marka e levantar toda a situação do banco. Questionado pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP), Alexandre Pundek garantiu que não tratou dos problemas do Banco Marka, por telefone, com qualquer diretor da Bolsa de Mercadorias & Futuros. O senador disse que um dos diretores afirmou em depoimento que conversou sobre o assunto com o assessor do Banco Central. Ao senador Jader Barbalho (PA), líder do PMDB e autor do requerimento de criação da CPI dos bancos, Pundek afirmou que, mesmo não sendo encarregado por Francisco Lopes de acompanhar as negociações com o Marka e do FonteCindam, no dia 14 de janeiro, por volta das 21h, participou de uma reunião sobre o assunto. Já o senador Pedro Simon (PMDB-RS) insistiu na razão da presença de Pundek na reunião. "Se você não era dessa área, se não fora encarregado por Francisco Lopes de tratar do assunto, por que ficou no Banco até as 21 horas para essa reunião? Foi por diletantismo?" - perguntou Simon. Depois de alguns segundos em silêncio, o assessor disse apenas: "Foi".

29/04/1999

Agência Senado


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