Assessor do governo diz que desafio da agricultura é buscar novas matérias-primas para programa de biodiesel
O grande desafio da agricultura brasileira é promover ações para buscar novas matérias-primas dentro do programa de biocombustível, com objetivo de fomentar o desenvolvimento, afirmou José Milton de Souza Vieira, assessor do Departamento de Cana-de-Açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Ele participou de audiência pública da Subcomissão Permanente dos Biocombustíveis, da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), realizada nesta quinta-feira (28).
Na audiência, que debateu propostas para estimular, aprimorar e viabilizar a implantação do Programa de Biodiesel na Região Nordeste, Vieira explicou que, hoje, as ações estão mais concentradas no cultivo da mamona como biodiesel, mas, no futuro, talvez venha a ser explorado o pinhão manso e a macaúba.
- Precisamos mapear outras opções e regiões do país para os produtores. Quando saímos do semi-árido para o oeste baiano e para a Amazônia, encontramos também como matérias-primas o girassol e algumas palmáceas - disse.
Outro desafio, conforme o especialista, é compatibilizar essas alternativas agrícolas com alternativas industriais. Ele disse que o ministério está traçando plano estratégico com outros órgãos do governo e instituições técnicas para que possa ter, a médio e longo prazos, uma consistência cada vez maior dos resultados agronômicos e técnicos da matéria.
Biodiesel
O biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis que pode ser obtido por diferentes processos, como o craqueamento, a esterificação ou a transesterificação. Pode ser produzido a partir de gorduras animais ou de óleos vegetais. No Brasil, existem dezenas de espécies vegetais que podem ser utilizadas para a produção do biodiesel, tais como a mamona, o dendê (palma), o girassol, o babaçu, o amendoim, o pinhão manso e a soja.
O biodiesel substitui total ou parcialmente o óleo diesel de petróleo em motores ciclodiesel automotivos de caminhões, tratores, camionetas, automóveis etc, ou ainda em geradores de eletricidade. Pode ser usado puro ou misturado ao diesel em diversas proporções. A mistura de 2% de biodiesel ao diesel de petróleo é chamada de B2 e assim sucessivamente, até o biodiesel puro, denominado B100.
O assunto já vem sendo pesquisado e é conhecido desde o início do século passado, principalmente na Europa. A primeira patente do produto é de 1937, segundo informou Mozart Schmitt de Queiroz, gerente-executivo de Desenvolvimento Energético da Petrobras, que também participou da audiência pública.
Conforme Mozart, foi na Alemanha que o tema começou a ser discutido. Os primeiros registros históricos são atribuídos a Rudolf Diesel, que desenvolveu o motor diesel, em 1895, tendo levado sua invenção a uma mostra mundial em Paris, em 1900. Ele utilizou óleo de amendoim como combustível.
Além das características históricas do produto, Queiroz falou também a respeito da perspectiva da geração de emprego e renda com o desenvolvimento do programa do biodiesel no Brasil, abordando ainda os investimentos que serão feitos pelo governo.
28/06/2007
Agência Senado
Artigos Relacionados
Aumento na produção de biodiesel exigirá novas matérias-primas
Governo aprova benefício fiscal para compra de matérias-primas de produtos de exportação
Matérias primas da Amazônia serão usadas para fabricação de bebidas
Agricultura: Secretaria assina parceria para programa de Biodiesel em assentamentos
Matérias primas brasileiras têm alta de 2,73% em novembro
Preço de matérias-primas sobe 1,44% em janeiro, informa BC