Atual campanha é a mais triste do país, diz Lauro
O senador Lauro Campos (PDT-DF) disse nesta sexta-feira (14), da tribuna do Senado, que o Brasil está assistindo hoje à mais triste e mais vazia campanha eleitoral de sua história, marcada por uma ausência absoluta de propostas consistentes, capazes de apontar soluções concretas para os graves problemas nacionais.
Para o senador, o atual governo aprofundou a crise estrutural do país, ao "jogar dinheiro fora", desfazendo-se do patrimônio do Estado, expandindo os níveis de endividamento e, conseqüentemente, neutralizando sua função keynesiana- relativa ao economista britânico John Maynard Keynes - de poder agir sobre as forças produtivas nos momentos de crise.
O presidente Fernando Henrique Cardoso, no entendimento de Lauro Campos, instituiu no Brasil o Estado anti-nacional, fazendo prevalecer os interesses estrangeiros e mais precisamente os interesses hegemônicos dos Estados Unidos.
- O Brasil entrou em anorexia e não consegue mais exercer suas funções de Estado capitalista. Vivemos o governo do neonada - disse Lauro Campos, ao referir-se às tendências políticas neoliberais do atual governo (os pressupostos do pensamento neoliberal foram publicados pela primeira vez em 1873).
Ao fazer uma revisão histórica do capitalismo, Lauro Campos disse que as crises desse sistema sempre foram contornadas pela ação do Estado, de modo a recompor a lucratividade das empresas e buscar os níveis de pleno emprego. Quando os mecanismos keynesianos se esgotaram, as crises do sistema capitalista passaram a ser contornadas pelos investimentos estatais nos setores de armamento e de defesa nacional, como evidenciam os projetos anti-mísseis perseguidos pelos Estados Unidos - citou.
A "UTI" do sistema capitalista, à medida que o tempo passa, fica cada vez mais cara, afirmou Lauro Campos, ao discorrer sobre os desvios provocados por esse modelo de produção que, segundo ele, gera gravíssimas distorções sociais, que vão do trabalho infantil ao tráfico de drogas, passando ainda pelo abandono da Educação, da Saúde e pela incorporação da violência.
O atual governo, com o seu neoliberalismo - disse Lauro Campos- buscou a "modernidade", a frieza e o racionalismo.
- E é assim que deixamos nossa população subir os morros e morrer de fome - comentou.
Faz parte ainda da lógica do atual governo, acrescentou Lauro Campos, investir na desorganização da sociedade civil, com o que espera garantir a insensibilidade para com os problemas reais surgidos como subproduto do atual modelo econômico. Para Lauro Campos, prepostos da burguesia, como Gerhard Schroeder, na Alemanha, Tony Blair, na Inglaterra, e Fernando Henrique Cardoso, no Brasil, com alguma roupagem socialista, apenas contribuem para abrir caminho para a volta da extrema direita ao poder. Ele se disse estarrecido diante da falta de propostas e de seriedade na condução dos debates travados na atual campanha política.
- As propostas que ouvimos são mera conversa fiada - concluiu.
14/06/2002
Agência Senado
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