Lauro Campos: cenário atual é de terrorismo contra terrorismo



Os atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos colocaram em cheque a noção ocidental de democracia, avaliou nesta segunda-feira (15) o senador Lauro Campos (PDT-DF). Em pronunciamento sobre as agressões aos direitos individuais cometidas em nome da segurança da sociedade, ele afirmou que o enorme arsenal americano, capaz de destruir o mundo 25 vezes, também significa uma espécie de terror.

- Esta guerra é do terrorismo contra o terrorismo, porque é um terror para o mundo saber que os Estados Unidos têm essa capacidade de destruição - disse o senador.

Para Lauro Campos, o medo das pessoas é utilizado para justificar uma proteção despótica, servindo também para que essas pessoas acabem por querer algum tipo de autoritarismo.

- Nos Estados Unidos têm havido agressões ao direito à privacidade, porque há o direito à fiscalização sem qualquer ordem judicial, desde que o suspeito possa ser, de alguma forma, ligado ao terrorismo - analisou o senador.

A sociedade capitalista vive, conforme o entendimento de Lauro Campos, a ilusão da democracia. Para ele, não se percebe que "a democracia é totalitária, determinada pela distribuição de renda". Afirmou que essa é também a realidade no Brasil, citando como exemplo as relações entre o governo e o parlamento. De acordo com o senador do PDT, o Legislativo brasileiro "é vítima do despotismo do governo", que é quem de fato legisla e ainda pressiona os parlamentares com nomeações e exonerações de cargos no Executivo.

Lauro Campos reservou uma parte de seu pronunciamento para ironizar o presidente Fernando Henrique Cardoso. Segundo o parlamentar, depois de ter se definido neosocialista, o presidente se disse neokeynesiano. Em sua tese central, o célebre economista John Maynard Keynes preconizou a intervenção estatal na economia com o objetivo de conduzir ao pleno emprego. Na avaliação de Lauro Campos, o governo Fernando Henrique não tem condições de intervir na economia, gastando e dando emprego, sem que isso signifique acionar a inflação. "O governo FHC mente mais uma vez", resumiu o senador.

15/10/2001

Agência Senado


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