Audiência de Passo Fundo debateu o custo da universidade estadual



Qual o custo suportável pela sociedade gaúcha para a criação de uma universidade pública estadual? Este foi o centro dos debates da décima primeira audiência pública promovida pelo Fórum Democrático, em Passo Fundo. Além dos aspectos econômicos, os pronunciamentos da platéia que lotou o auditório da UPF, na sua a maioria estudantes secundaristas, se fixaram em assuntos como reserva de vagas para alunos oriundos de escolas públicas, criação de cursos noturnos e oferta de vagas em cursos tradicionais. O encontro de Passo Fundo simbolizou o alcance da metade das regiões que serão visitadas pelo Fórum Democrático, até o final do mês, para debater o projeto do Governo do Estado que cria a universidade estadual (Uergs). Até agora, mais de sete mil pessoas, abrangendo 258 municípios, participaram das audiências do Fórum. O primeiro a se manifestar sobre os custos da Uergs foi o presidente da Comissão de Educação, da Assembléia Legislativa, deputado Onyx Lorenzoni (PFL). Para ele, "se educação é investimento, antes de se usar dinheiro público na implantação de uma universidade estadual é preciso consultar a população para saber como aplicá-lo". E instigou a platéia a refletir sobre algumas questões: "Basta a universidade ser gratuita ou é necessário, além de garantir o ingresso, ajudar os estudantes carentes a se manterem, oportunizando-lhes o acesso ä alimentação, moradia, transporte e material escolar?" Onyx disse que em Santa Catarina a relação custo/aluno da universidade estadual é de R$ 30 mil por vaga. "Lá o Governo do Estado gasta R$ 30 milhões por ano na manutenção de 10 mil vagas na sua universidade". Enquanto isto, continuou, "no Rio Grande do Sul o custo de uma vaga nas universidades comunitárias é de R$ 2,5 mil." Atualmente, segundo o deputado pefelista, dos 120 mil estudantes gaúchos que cursam o terceiro grau, 113 mil estudam nas universidades comunitárias. O reitor da UPF, Ilmo Santos, compartilhou da mesma preocupação, e considerou insuficientes os R$ 16 milhões previstos pelo Executivo estadual para o funcionamento da Uergs. Para ele, se mantidos os custos da universidade catarinense, o número de beneficiados pela universidade estadual seria de 533 alunos. Enquanto isto, informou, se o mesmo recurso fosse aplicado nas universidades comunitárias, o número de estudantes atingidos seria de 6.400. Santos declarou que nos próximos dias estará encaminhando ã Assembléia Legislativa e ao Governo do Estado, sugestões para o uso do dinheiro público em convênios e parcerias com as universidades comunitárias. O secretário estadual dos Transportes, Beto Albuquerque, que representou o Governo do Estado no encontro de Passo Fundo, contestou a relação custo/aluno divulgada na audiência. Para ele os custos são muito superiores aos divulgados, pois nele não são considerados os gastos relativos ao funcionamento de hospitais universitários, centros de pesquisa e laboratórios, dentre outros. Considerando as declarações feitas sobre os custos das universidades estaduais como meia verdade, Beto Albuquerque indaga: "por quê estes custos adicionais não são referidos para as universidades privadas e só são lembrados quando se trata de abordar a universidade estadual?"

05/04/2001


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