Aumenta número de mulheres que aguardam cirurgia para reconstruir mama



Milhares de mulheres aguardam cirurgias de reconstrução da mama, apesar de uma lei de 1999 prever a obrigatoriedade de atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em caso de mutilação decorrente de tratamento de câncer. O alerta foi dado pela presidente da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), Maira Caleffi, em audiência pública realizada nesta terça-feira (14) por duas comissões do Senado.

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O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), Luciano Chaves, informou que, embora a reconstrução mamária seja parte do tratamento do câncer, há um acúmulo de pacientes que não se beneficiam da previsão legal (Lei 9.797/1999). Preocupada com o problema, a entidade iniciou por Brasília um mutirão para a realização desse tipo de cirurgia. 

Inclusão 

Executado em 2011, o projeto-piloto beneficiou 61 pacientes, entre elas mulheres que haviam retirado as mamas 29 anos atrás. De acordo com Luciano Chaves, pesquisa psicossocial realizada com 142 pacientes mostrou que a reconstrução da mama favorece a inclusão social.

As pacientes solteiras, conforme a pesquisa, representavam 42% das mulheres pesquisadas e, sem a cirurgia, segundo Chaves, poderiam encontrar dificuldade de iniciar um relacionamento. A pesquisa também mostrou que, para 31% das mulheres, a mastectomia (retirada das mamas) foi causa de separação. 

Ampliação

Diante do alcance social do mutirão, a SBCP decidiu estender a iniciativa para 19 estados, com a meta de atender, no período de 5 a 9 de março próximo, 500 mulheres que aguardam a cirurgia de reconstrução da mama na fila do SUS.

Cerca de 1.500 cirurgiões plásticos devem participar como voluntários do mutirão, que também tem o objetivo de sensibilizar o Ministério da Saúde para os honorários médicos da cirurgia de reconstrução da mama no âmbito do SUS. De acordo com Chaves, o governo paga pelo procedimento, considerado de média complexidade, apenas R$ 133.

Impacto 

Depois de afirmar que a reconstrução mamária tem impacto positivo sobre a saúde mental e a qualidade de vida, Maira Caleffi observou que, quanto mais precocemente é realizada a cirurgia, maiores são os benefícios.

A presidente da Femama citou pesquisas segundo as quais pacientes mastectomizadas verbalizaram sentimentos depressivos e pensamentos transitórios sobre suicídio, devido à alteração visível da autoimagem.

O câncer de mama, que atinge também homens, tem quase 50 mil novos casos por ano, de acordo com dados do Inca, matando quase 12 mil pessoas. Segundo a Femama, 45,3% dos casos são descobertos quando a doença já está muito avançada.

Audiência

A audiência pública conjunta, realizada por sugestão da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) pelas comissões de Assuntos Sociais e de Direitos Humanos e Legislação Participativa, foi presidida pela senadora Ana Amélia (PP-RS). Participaram também dos debates José Eduardo Fogolin Passos, coordenador-geral de Média e Alta Complexidade do Ministério da Saúde, e Carlos Vital Tavares Corrêa Lima, vice-presidente do Conselho Federal de Medicina.



14/02/2012

Agência Senado


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