Aumentam os transplantes do mesmo fígado para salvar duas vidas



Nos últimos dois anos número de cirurgias do tipo split-liver, que permitem dividir o órgão, multiplicou por oito

Um tipo de transplante que permite salvar duas vidas ao mesmo tempo começa a se tornar rotina no Estado de São Paulo. É o chamado split-liver, pelo qual um mesmo fígado é dividido para ser enxertado em dois pacientes que aguardam pelo órgão: normalmente uma criança e um adulto.

Balanço da Secretaria de Estado da Saúde aponta que de julho de 2006 até julho deste ano foram realizados 31 transplantes desse tipo no Estado de São Paulo, quase oito vezes mais do que os quatro computados nos dois anos imediatamente anteriores. O aumento é de 700%.

O resultado é fruto indireto da mudança das regras para a fila do fígado, cujo critério principal passou a ser a gravidade do paciente, e não mais a data de inscrição na lista de espera. Com uma pontuação diferenciada, as crianças rotineiramente começaram a “passar na frente” dos adultos na hora da seleção. Como a maioria dos doadores é adulto, é possível dividir o órgão e beneficiar dois pacientes com o transplante.

De julho de 2006, quando o novo critério entrou em vigor, até julho deste ano houve 97 transplantes em crianças menores de 12 anos, o que representa aumento de 90% na comparação com as 51 cirurgias registradas pela Central de Transplantes da Secretaria nos dois anos anteriores à regra.

Pela legislação atual, vigente em todo o Brasil, os pacientes que precisam de transplante de fígado são encaminhados para cirurgia conforme a gravidade, calculada pelo Meld (Model for End-stage Liver Disease), que é uma pontuação obtida a partir de exames laboratoriais. O valor do Meld, que varia de 6 a 40, aponta o risco de óbito do paciente caso ele não seja transplantado.

No caso das crianças, utiliza-se o Peld (Pediatric End-Stage Liver Disease), cujo resultado é multiplicado por três para efeito de compatibilização com os valores do Meld. Assim, se uma criança tiver, por exemplo, Peld 13, o valor do Meld será, na realidade, de 39, considerado grave.

“São duas boas notícias. As crianças estão conseguindo ser transplantadas mais rapidamente e o aumento da técnica do split vem contribuindo para que um doador de fígado salve duas vidas”, afirma o coordenador da Central de Transplantes, Luiz Augusto Pereira.

Da Secretaria da Saúde



09/25/2008


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