Avaliação técnica e moradores mostram virtudes e necessidades do Copan



Edifício projetado por Oscar Niemeyer foi objeto de estudo em trabalho de mestrado na FAU-USP

Uma radiografia dos aspectos positivos e a serem melhorados do Edifício Copan, projetado por Oscar Niemeyer, foi feita em dissertação de mestrado apresentada na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP. Na pesquisa, o arquiteto Walter José Ferreira Galvão analisa aspectos técnicos como acústica e segurança contra incêndio e mede o nível de satisfação dos ocupantes de 120 dos 1160 apartamentos do edifício, localizado no centro de São Paulo.

O Copan tem 116 mil metros quadrados de área construída, dois subsolos, térreo, dois pavimentos intermediários e 32 andares de torre residencial, dividida em seis blocos. Projetado em 1952, o edifício começou a ser ocupado em 1963. “Entre os principais aspectos positivos verificados na pesquisa estão a estrutura robusta e o bom isolamento acústico nos apartamentos, proporcionado por divisórias, paredes e lajes feitas com materiais que têm boa capacidade de isolar sons aéreos”, destaca Galvão.

“A área útil dos apartamentos maiores, de 2 e 3 dormitórios, facilita adaptações para portadores de deficiência.  Um dos problemas encontrados pelo arquiteto foi a infra-estrutura de combate a incêndio. “Como o prédio foi projetado antes de existirem leis de prevenção, as rotas de fugas são insuficientes e inadequadas, sendo preciso em alguns casos percorrer grandes distâncias para atingi-las”, alerta.

”As marquises da fachada (brise-soleil) ressaltam as linhas curvas do edifício, mas limitam demais a incidência direta de sol”, diz Galvão, “provocando uma sensação acentuada de frio no inverno, especialmente nos blocos que possuem ventilação cruzada”. Durante a pesquisa, a administração do edifício doou os desenhos originais dos projetos de arquitetura e de obras complementares do Copan para a biblioteca da FAU.

Requalificação

O arquiteto aponta que o Copan passou por um processo de requalificação  física e social a partir dos anos 90 do século XX, quando assumiram os atuais administradores do edifício. “Ícone do crescimento de São Paulo na década de 50 do século passado, o Copan tornou-se símbolo da reintrodução do uso habitacional em imóveis na região central da cidade”, explica. “As instalações elétricas e hidráulicas do edifício foram modernizadas e são feitas vistorias regulares em hidrantes e extintores, além da existência de brigada de incêndio”.

Ao mesmo tempo, a administração adotou medidas disciplinadoras, como multas e vigilância permanente. “Essas atitudes sanaram problemas como o acúmulo de lixo nas dependências do edifício, comum há 20 anosatrás”, conta o arquiteto. “As mudanças valorizaram as unidades habitacionais e tornaram, nos dias atuais, difícil alugar ou comprar um apartamento, pois a vacância é muito pequena”.

Entre os moradores dos blocos A, C e D, onde estão os apartamentos de dois e três dormitórios, o maior índice de satisfação é com as dimensões das unidades habitacionais, que variam de 84,13 (dois dormitórios) a 161,23 metros quadrados (três dormitórios) de área útil. “Uma grande fonte de insatisfação dos moradores é a conservação do espaço externo, que se repete no bloco B, onde ficam as quitinetes”, aponta Galvão. “A administração pretende iniciar a troca das pastilhas que revestem o edifício”.

Nos blocos D e E, os maiores elogios dos moradores são para a limpeza das áreas comuns e a segurança, porém há insatisfação com o tempo de espera dos elevadores. “Esses dois blocos foram projetados para abrigar 64 apartamentos de quatro dormitórios, mas a área foi dividida em 328 quitinetes e apartamentos de 1 dormitório”, ressalta o arquiteto. Apesar do maior número de apartamentos, manteve-se o mesmo número de elevadores do projeto original”. 

Mais informações: (0XX11) 9212-8507, e-mail [email protected], com Walter José Ferreira Galvão. Pesquisa orientada pela professora Sheila Walbe Ornstein

Júlio Bernardes

Agência USP de Notícias

(I.P.)



12/21/2007


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