Avançam negociações









Avançam negociações
O presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, e o candidato ao governo do Estado Antônio Britto, do PPS, acompanhado dos deputados Nelson Proença, Cézar Busatto e Paulo Odone, reuniram-se na manhã deste sábado, durante uma hora. Pelo PDT, participaram também da reunião Pedro Ruas, Isaac Ainhorn, Alceu Collares, Nereu D'Ávila e Pompeo de Mattos.

No final, Brizola anunciou que existem perspectivas para entendimento entre os dois partidos.'Trocamos idéias e nos identificamos. A partir de agora, temos que trabalhar juntos em torno de um programa para o Rio Grande do Sul.', enfatizou. Britto salientou que o programa único é fundamental. 'O clima para o entendimento está formado', declarou. A base para o apoio ao PPS no Estado é a unidade em torno da candidatura de Ciro Gomes à presidência. Brizola afirmou que é preciso construir uma nova fase para o país. Acrescentou que sem uma solução nacional não será possível uma regional. Na próxima semana, será formado conselho de 12 integrantes com participação igualitária do PTB, PPS, PFL e PDT. Será responsável pelo indicação de pontos fundamentais para a criação de programa único. Brizola ressaltou que a construção das propostas não acontece de um dia para o outro, mas será necessário andar rapidamente pela proximidade das eleições. Dia 24 de agosto, em São Borja, durante as homenagens ao ex-presidente Getúlio Vargas deverá acontecer a assinatura do acordo entre os partidos.


Borja acredita que livre escolha afastaria da urna
O cientista político Sérgio Borja é contra o voto facultativo porque acredita que a sua obrigatoriedade possibilita o exercício da cidadania. Afirmou que a livre escolha para votar resultaria na excessiva redução do eleitorado, pois apenas as pessoas politizadas teriam interesse em comparecer às urnas. Borja qualificou a eventual mudança como mirabolante. Ressaltou que somente com o exercício contínuo do voto os eleitores poderão compreender melhor o contexto político do país.


Agenda dos candidatos

DOMINGO
11 Celso Bernardi (PPB)
21h30min: debate TV Bandeirantes.
13 Tarso Genro (PT-PCB-PC do B-PMN)
10h: bicicleata da Frente Popular. 11h: futebol, no parque Marinha do Brasil. 21h30min: debate TV.
15 Germano Rigotto (PMDB-PSDB-PHS)

MANHÃ
caminhada, em Porto Alegre. 21h30min: debate TV.
22 Aroldo Medina (PL-PSD)
11h: Brique da Redenção. 21:30min: debate TV.
23 Antônio Britto (PPS-PFL-PT do B-PSL)
21h30min: debate TV.
40 Caleb de Oliveira (PSB)
21h30min: debate TV.


Letras e sons em busca de votos
Marqueteiros escolhem linguagem simples, de fácil assimilação e que represente programa de governo

A marca dos candidatos e os jingles de campanha se tornaram, de alguns anos para cá, as vedetes das eleições e os principais aliados dos partidos para aproximar as propostas de governo do eleitor. Explicações sobre assuntos complexos das campanhas presidenciais, como política econômica, reforma tributária e inclusão social, acabam sendo absorvidos pelas letras e pelas melodias de fácil assimilação. A fórmula para um jingle de sucesso é clara: escolhe-se ritmo popular, com refrão simples de decorar e mensagem curta. Em função disso, marqueteiros se mobilizaram na busca de imagens e de linguagem que caracterizem bem os seus candidatos.

José Serra, que concorre pela aliança PSDB-PMDB, é comparado, no seu jingle, ao pássaro quero-quero. Um dos autores da letra, PC Bernardes, que compôs em parceria com Nizan Guanaes, argumentou que, além de pássaro tipicamente brasileiro, o quero-quero é o mais solidário com a sua espécie e também valente no momento de defender a ninhada. 'Serra é exatamente assim', garantiu Bernardes. Segundo ele, o pássaro do jingle não será confundido com o tucano, símbolo do PSDB, partido do candidato. Observou que foi utilizada linguagem poética. Chitãozinho e Xororó gravarão nesta semana versão country do jingle. O grupo KLB, Dominguinhos, Paulo Reis e Elba Ramalho também participarão com versões em pop, frevo, forró e gauchesco.

O candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, consagrou desde as eleições de 1989 o jingle 'Lula lá', que acabou ganhando a simpatia de milhões de brasileiros. Após a derrota do PT em três eleições, o publicitário Duda Mendonça, responsável pela campanha, criou outro conceito para este ano: 'Bote fé e diga Lula'. Apesar do novo jingle, ainda é possível ouvir o inconfundível 'Lula lá' na espera telefônica do escritório de Mendonça, em São Paulo. O coordenador da campanha do PT no Rio Grande do Sul, Paulo Ferreira, lembrou que em 1994 e 1998 foram criados outros jingles, mas que sempre permaneceu o 'Lula lá' por representar como nenhuma outra música o sonho de chegar à Presidência.

Coincidentemente, o candidato do PSB, Anthony Garotinho, tem como tema principal do seu jingle a fé. O argumento foi o de que, no caso de Lula, o termo representa uma aposta e no de Garotinho, o apoio do segmento evangélico.


Justiça nega ação contra Roseana
O juiz da 2º Vara Federal do Tocantins, Alderico Rocha Santos, rejeitou o pedido de abertura de processo penal contra a ex-governadora Roseana Sarney, acusada de envolvimento em fraudes na concessão de financiamento da extinta Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) para a Usimar Componentes Automotivos. O requerimento foi feito pelo Ministério Público Federal, que denunciou Roseana e outras 25 pessoas por estelionato, peculato e formação de quadrilha em 19 de julho. 'A Justiça está começando', disse Roseana.

A ex-governadora afirmou que aguarda receber em mãos o despacho do juiz para se pronunciar através de nota dirigida ao povo brasileiro, em que vai reiterar a sua inocência e a de todos os membros de seu governo. 'A pior coisa é ser vítima de injustiça, mas ficará provado que não há nada contra mim. Eu sou inocente', garantiu Roseana.

As eventuais perdas políticas causadas pelas denúncias de seu envolvimento com o desvio de recursos da Sudam ainda não foram pesadas segundo a ex-governadora. Ela abandonou a pré-candidatura à Presidência pressionada pelas acusações sobre o caso.


Cândido prega mudança para estimular civismo
Favorável ao voto facultativo, o especialista em Direito Eleitoral Joel José Cândido argumentou que o sistema daria maior legitimidade ao processo eleitoral e que haveria mais consciência na escolha dos candidatos. Cândido afirmou ser uma forma natural de estímulo ao civismo e que os filiados teriam atitudes mais leais aos partidos políticos. Disse que o voto obrigatório não representa escolha consciente, pois não é a quantidade que faz a diferença.


Deputado pede plebiscito sobre sistema obrigatório
A Câmara dos Deputados está analisando a proposta do deputado Geraldo Magela, do PT do Distrito Federal, que determina a realização de plebiscito para a escolha entre o voto facultativo ou obrigatório a partir das eleições municipais de 2004. A matéria será debatida pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e deverá ir a plenário para votação. A mudança no sistema divide especialistas em Ciência Política e Direito Eleitoral que falam sobre a democracia no Brasil.


Jingles dos candidatos à Presidência da República

ANTHONY GAROTINHO
Fé no Brasil, fé na vitória
Fé no Brasil pra mudar
Nossa história
Fé no Brasil, fé na vitória
Fé no Brasil pra mudar
Nossa história
Garotinho! Garotinho!
Coragem pra fazer a diferença
Coragem pra acreditar
Que o Brasil será melhor
Pra se viver com Garotinho
Pra governar
Quarenta é PSB
É no quarenta que eu vou votar
Garo tinho é o Brasil da gente
Garotinho é Brasil que faz
Fé no Brasil, fé na vitória
Fé no Brasil pra mudar
Nossa história
Garotinho! Garotinho!

CIRO GOMES
Somos todos um Brasil
500 anos de história
De cores verde-anil
De espantos e de glórias
Somos todos um país
De esperança que não cansa
Negro, branco, índio, mulato,
Diz o destino é ser feliz
Vem meu país, vem Brasil,
Vem meu gigante
Vem com Ciro acreditar
Vamos em frente meu Brasil
Vem meu povo, minha gente
Quem é honesto e competente
Vem com Ciro, vem mudar
Pra alegrar o coração
E no sonho acreditar
Tem que saber o que faz,
Tem que mostrar que é capaz.

JOSÉ SERRA
O quero-quero cantou
Na minha janela
Brasil pense direito
Que é melhor pra gente
Se José Serra já fez tanto na saúde
É o mais preparado
Para ser nosso presidente
Eu quero-quero José Serra
E José Serra pra mudar
Com ele não tem lero-lero
Vou ouvir o quero-quero
José Serra eu quero já
Quero mudança
Eu quero emprego
Quero saúde
Uma casa pra morar
Segurança pra gente
Viver sem medo
Dormir tranqüilo pra gente sonhar

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Não dá pra apagar o sol
Não dá pra parar o tempo
Não dá pra contar estrelas
Que brilham no firmamento
Não dá pra parar um rio
Quando ele corre pro mar
Não dá pra calar um Brasil
Quando ele quer cantar
Bote essa estrela no peito
Não tenha medo ou pudor
Agora eu quero você
Te ver torcendo a favor
A favor do que é direito
Da decência que restou
A favor de um povo pobre
Mas nobre trabalhador
É o desejo dessa gente
Querer um Brasil mais decente
Ter direito à esperança
E a uma vida diferente
É só você querer
Que amanhã assim será
Bote fé e diga Lula
Bote fé e diga Lula
Eu quero Lula!


Melíbio defende mais experiência nas eleições
O desembargador aposentado Luiz Melíbio Machado acredita que o voto deve continuar obrigatório até haver cultura política mais consistente. Argumentou que o regime democrático é ainda muito novo no Brasil. Melíbio salientou que é preciso ter mais experiência sobre o exercício do voto, como aconteceu nos Estados Unidos, na França e em outros países que adotaram o sistema eleitoral facultativo.


PARLAMENTARISMO
O Movimento Parlamentarista Brasileiro fará nesta segunda-feira, às 17h, palestra sobre Apreciação da Proposta de Emenda que Implanta o Parlamentarismo no Brasil e Alternativas para Reforma Política, com Victor Faccioni. A reunião, aberta ao público, será na Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembléia.


Tavares vê participação facultativa como ameaça
Para o cientista político José Antônio Tavares, a democracia não se sustenta sem o voto obrigatório. Acredita que a votação facultativa é anticívica e mascara a abstenção. Ressaltou que a insatisfação do eleitor é medida justamente pela sua ausência ou pelo voto em branco e nulo. Disse que, em democracia frágil como a do Brasil, o sistema esvaziaria a participação popular nas eleições. Salientou que apenas a minoria politizada participaria.


Artigos

O advogado
Jarbas Lima

Sou um apologista da advocacia. Função social tão antiga quanto as iniqüidades, as desigualdades, a prepotência. Chegamos aos dias de hoje com o estigma de um realismo comunitário que nos faz detentores de todos os recordes de injustiça social. Vivemos o risco da falência econômica. É eloqüente a declaração do secretário do Tesouro americano, Paul O'Neill: 'Não sabemos se o dinheiro solicitado ao FMI não vai para contas particulares em bancos suíços'. A ofensa não foi ao povo, foi às autoridades. Depois, receberam com festas o agressor. Desculparam sem que ele pedisse e ignoraram o conteúdo da ofensa!

O Brasil precisa dos advogados. Aqueles agentes destemidos das cruzadas cívicas, da democracia sem adjetivos, da cidadania sem tutores, da justiça para todos. Precisa dos advogados que construíram a República, como tradução mais pura da democracia, dos parlamentos sintonizados com o interesse público, dos tribunais livres onde a Constituição vige e a lei não fenece. Precisa dos advogados que não recuam, mas avançam em seus compromissos sociais pela justiça, pela liberdade, pela paz, pela dignidade. Precisa dos advogados visionários, idealistas, apaixonados pelos valores universais e humanos, em que prevalece o justo. Advogados artífices de uma sociedade como sonhou Anatole France, na qual 'a majestosa igualdade da lei proíbe ricos e pobres de dormirem sob as pontes, de mendigarem pelas ruas e de furtarem pedaços de pão'. A esses advogados saúdo no seu dia e nos 70 anos da OAB/RS. Parabéns, presidente Walmir Martins.

Desejo traduzir meus sentimentos na referência pessoal ao dr. Nereu Lima, em quem sem qualquer dúvida identifico as melhores virtudes e atributos, num perfil mágico do autêntico advogado. A advocacia tem sido sua razão de existir. O coroamento desse sucesso será a outorga do Prêmio Jurídico Otávio Francisco Caruso da Rocha, que lhe fará a Câmara Municipal de Porto Alegre, por proposta do vereador Raul Carrion. Meu irmão, esse é o prêmio dos competentes, dos éticos, dos justos, dos solidários. Saiba do orgulho do tio Nica e da dona Judith, nossos pais. Essa é a luta do advogado contra a inconsciência, a opressão, a torpeza, a mentira. É a luta incessante pela liberdade e pela justiça.


Colunistas

PANORAMA POLÍTICO - A. Burd

SEM INTERMEDIÁRIOS
No PT, este ano, só integrantes da comissão estadual de finanças pedem dinheiro para campanha eleitoral à Presidência da República, ao governo do Estado e ao Senado. Na hipótese de colaborações aos candidatos à Câmara dos Deputados e à Assembléia Legislativa, o recibo sai em nome do próprio beneficiado com o número específico de cadastro criado pela Receita Federal. De outra forma, não há possibilidade de qualquer filiado do PT sair em busca de recursos fora do partido. As especificações estão registradas numa resolução emitida em maio deste ano pelo diretório estadual e, até agora, segundo consta, rigorosamente cumprida. Os episódios envolvendo o Clube da Cidadania deixaram a direção escaldada e, agora, precavida.

PASSO A PASSO
PDT e PPS encaminham os entendimentos para que o clímax seja atingido dia 24, em São Borja. As direções tiveram de frear o entusiasmo de alguns que queriam abrir ontem as caixas de foguetes.

AUSÊNCIA
O presidente reginal do PDT, deputado Vieira da Cunha, não fez as vezes de anfitrião no encontro da manhã deste sábado, na sede do partido, que tratou da coligação com o PPS ao governo do Estado.

LAMENTO
1) Ao embarcar de volta ao Rio, no final da manhã deste sábado, Brizola estranhou e lamentou a ausência de Vieira da Cunha na reunião com o PPS. Deixou o abacaxi para ser descascado por grupo de sua confiança; 2) na sexta-feira à noite, Vieira lembrou discurso que fez em junho contra o neoliberalismo e as forças que apóiam Antônio Britto. Por isso, sente-se agora constrangido em participar da aproximação. Tem razão.

EX-COMPADRES
Pelos termos, é impublicável a manifestação de Sereno Chaise na manhã deste sábado sobre Leonel Brizola e a aliança que encaminha.

À PROVA
Carlos Lacerda, da União Democrática Nacional, insistia para que não fugissem da raia às vésperas das eleições e aceitassem concorrer com chances ou não de vencer. Justificava: 'Candidatos precisam ser como cavalos de corrida, postos à prova para não perder o traquejo'.

VACAS MAGRAS
Até o final dos anos 70, o Dia do Pendura era comemorado a 11 de agosto por estudantes de Direito. Entravam em grupo nos restaurantes para comer muito bem. Na hora da conta, pediam para pendurá-la. Os donos levavam na esportiva. Aos poucos, foi se tornando caso de Polícia até a tradição desaparecer.

DOS LEITORES
- Rosa Bartholomeu: 'Pouquíssimos candidatos em campanha reconhecem dificuldades para resolver problemas. Maioria faria melhor se seguisse carreira de mágico'.

- Ricardo Meyer: 'Têm sido muito duras as críticas desta coluna à aproximação do PDT com o PPS no Estado. Sabe o que é ficar 12 anos longe do poder? A chance de vitória anima, o que faz até a coerência ir para gaveta. Pois política é isso'.

- José Walter Costa: 'Deveriam ser distribuídos adesivos com os dizeres 'programas de propaganda eleitoral precisam ser ouvidos com aparelho 'desconfiômetro' ligado'.

- Daniel Gobbi: 'Temos Proálcool mascarado, pois 99% da frota é obrigada a abastecer com 24% a 26% de álcool misturado na gasolina, teor que muda ao bel-prazer dos governantes. Faz bem a bolso dos usineiros, que têm comprador garantido'.

APARTES
Seminário na Câmara tentou saber por que a cesta básica de Porto Alegre é a mais cara do país. Deve ser a distância dos centros produtores...

Jargão de partidos a quem adere à última hora: é rabo de foguete.

15 vetos à Lei de Diretrizes vão trancar a pauta na Assembléia.

PT e PPS no RS fazem guerrinha com surrado enredo 'tirei filiados que eram teus e agora são meus'.

Os minguados financiadores de campanha fecham torneiras até dia 20. Vão conferir desempenhos na TV.

Direção nacional do PT dá as cartas na campanha do Rio. No RS, não aparecem nem para cafezinho.

Pesquisa Câmera 2 via Internet: você acha que deveria ser proibida a propaganda eleitoral em postes nas cidades? 66% disseram sim; 34%, não.

Marqueteiros aconselham a buscar votos de bandeja, isto é, de garçons, por serem multiplicadores.

Contagem: faltam 56 dias para a maior eleição da história do país.


Editorial

UMA QUESTÃO PERTINENTE

'A final, em que momento o senhor falou a verdade, antes ou agora?' Essa foi a pergunta mais importante, decisiva, que o secretário do Tesouro americano, senhor Paul O'Neill, ouviu, mas fez que não entendeu, numa entrevista concedida logo depois de descer do avião que o trouxe em visita ao Brasil, depois Uruguai e Argentina, pela ordem de chegada. O alto dirigente das finanças no governo Bush havia dito, sem rodeios, que o Fundo Monetário Internacional deveria ter cuidado ao conceder empréstimos aos três países porque o dinheiro poderia ir parar em contas na Suíça. Um agravo ao meio político. Em seguida, certamente mandado pelo presidente para tentar livrar a Casa Branca de retaliações, chega aqui e se declara defensor da política econômica praticada por Brasília, Montevidéu e Buenos Aires. Quanto a nós, diz que somos 'um bom lugar para investir'.

Diante da contradição, evidenciada no mais alto grau por se tratar de um político de elevado escalão, a pergunta constrangedora do repórter era imperiosa. O'Neill safou-se ou porque seu intérprete no momento preferiu não traduzir fielmente as palavras do jornalista brasileiro ou por fingir não entender a contundência do golpe. De qualquer forma, a imprevidência do secretário criou atritos de vulto, que podem ser reduzidos, dificilmente apagados, uma vez que uma boa emenda não salva um mau soneto.

Estamos diante de fato que convém ser analisado sob o contexto da alta formulação dos sistemas de governo. Quando os norte-americanos formaram, por inspiração dos chamados Pais da Pátria, sua estruturação política segundo o modelo unipessoal do presidencialismo, modelo que se afirmou com tantos chefes de Estado de notórias virtudes, a começar por George Washington, o maior de todos, não tinham idéia dos limites a que podem chegar governos individualistas. Aprenderam a lição com flutuações na política, na economia, nos relacionamentos internacionais, nas decisões bélicas em que tanto se enredaram ao longo do mundo. O episódio O'Neill não aconteceria se o país fosse parlamentarista, sistema político de idéias coletivas, com reais contrapesos. Nele, um político de escol certamente mediria suas palavras, até porque poderia ser mais facilmente responsabilizado por elas, chegando-se, em espiral, ao governo ao qual pertence.


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08/11/2002


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